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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, fevereiro 20, 2013

Yoani condenará censura da Folha?



 


Por Altamiro Borges 
O mundo é irônico. A mesma Folha de S.Paulo, que faz tanto carnaval com a visita ao Brasil da dissidente cubana Yoani Sánchez - em defesa de uma pretensa "liberdade de expressão" -, venceu hoje na Justiça no processo de censura contra a "Falha". 
A 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu nesta manhã manter a arbitrária proibição ao blog satírico. 
Ela se curvou ao poderoso Grupo Folha, que moveu ação em 2010 contra o sítio alegando que ele copiava a logomarca do jornalão. 
Os irmãos Lino e Mario Bocchini, responsáveis pelo blog, pretendem recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). 

“Não é simples, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) e o STF não recebem uma ação qualquer. Mas a gente vai estudar de que forma se pode recorrer. Nossa intenção é ir para os tribunais superiores”, garante Lino Bocchini. 
Para ele, a decisão da justiça paulista abre perigoso precedente no país contra a liberdade de expressão. 
"Se ela atingisse só a mim e a meu irmão seria menos mal. A jurisprudência aberta é muito ruim para a coletividade. Porque outra empresa que queira tirar um site do ar utilizando os mesmos argumentos da Folha terá uma decisão anterior para se respaldar”. 
Lino Bocchini já previa o pior no julgamento - conforme me relatou ontem à noite durante uma atividade no Centro de Estudos Barão de Itararé. 
"A Justiça tem uma tradição de ser sempre favorável ao grande poder econômico. Seria surpreendente se dois irmãos que não fazem parte de nenhuma organização conseguissem ganhar de um dos maiores grupos de comunicação do Brasil. Isso sim seria uma surpresa”. 
Ele comentou ainda que tentou conseguir uma manifestação de solidariedade da blogueira cubana contra a censura da Folha, mas que não obteve retorno positivo. 
"Também não foi surpresa", brincou. Yoani Sánchez se diz vitima da censura em Cuba - apesar do seu blog funcionar normalmente. Ela também se jacta de ser uma paladina da liberdade de expressão. Bem que ela poderia se manifestar no caso Folha versus Falha. 
Mas não dava mesmo para esperar tal atitude. 
Afinal, a dissidente cubana é paparicada exatamente pelos barões da mídia. 
Além disso, ela é "diretora" regional da Sociedade Interamericana de Prensa (SIP), a famigerada entidade golpista que reúne os impérios midiáticos da região - inclusive o Grupo Folha. 
O mundo realmente é bastante irônico. E ainda tem gente que defende a dissidente cubana travestida de blogueira! 
Postado por Miro 
*Cutucandodeleve

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