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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, fevereiro 20, 2013

Os jornalistas e os pobres

O dinheiro fácil de palestras faz com que colunistas como Jabor e Merval defendam privilégios.
Ele usa black tie
Ele usa black tie
Li uma coisa que me fez pensar.
Li não, Vi. Um vídeo em que o advogado e blogueiro americano Glenn Greenwald é entrevistado. (Vou colocar o vídeo no pé deste texto.) Greenwald é um liberal à americana, o que significa que é ligeiramente de esquerda.
É um dos blogueiros mais influentes dos Estados Unidos.
O que ele disse: que os jornalistas americanos mudaram. Antes eram trabalhadores parecidos com todos os demais. Depois ficaram ricos. Ganham milhões hoje. E por isso não conseguem simpatizar – ou simplesmente entender – com  movimentos como o Ocupe Wall St, o OWS.
“Eles têm a visão do grupo ao qual pertencem”, disse Greenwald. Para usar a expressão já consagrada pelos manifestantes, os jornalistas americanos estão na reduzida faixa da sociedade milionária , a elite plutocrata, e por isso não têm nada a ver com os outros, os “99%”.
Isso ficou claro na cobertura do OWS.
E o Brasil?
Jornalistas e colunistas como Merval Pereira e Arnaldo Jabor, com o dinheiro fácil das palestras que fazem, estão a uma distância intransponível dos brasileiros que arrastam sua pobreza dentro dos “99%”. Sua causa é a do “1%”. E não estou falando aqui de seus patrões, mas deles mesmos.
+*comtextolivre

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