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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, fevereiro 11, 2013

ESPANHA PARECE QUERER QUE BRASIL PRESTE VASSALAGEM AO SEU REI EM MOEDAS COMEMORATIVAS DA COPA DE 2014


 

 
A insistência da Espanha de associar sua imagem à do Brasil em condições neocoloniais não tem limites. Quebrado, com cerca de 30 bilhões de euros em reservas internacionais, contra quase 400 bilhões de dólares das nossas, e uma dívida total e per capita astronômica, o Reino da Espanha anunciou que está cunhando 14.000 moedas de ouro e de prata de cem e de dez euros, com a menção á Copa do Mundo do Brasil e à conquista da Copa da África do Sul pela Espanha.
Nas moedas de ouro e prata, onde se lê "2012 - Rei Juan Carlos I de España - Copa del Mundo de la Fifa - Brasil 2014" de um lado aparecem, na moeda de prata, o mapa do Brasil e os territórios da África do Sul e da Espanha, assinalado por uma enorme bandeira espanhola, e uma ligação entre a África do Sul e o Brasil, sugerindo a transferência das sedes (e a transposição da vitória da Espanha) de 2010 para 2014, e, na de ouro, o mapa e uma bandeira estilizada do Brasil,tendo, a duas, na outra face, a efígie do Rei Juan Carlos da Espanha.
Como perguntar não ofende, cabe que as autoridades brasileiras responsáveis pela Copa do Mundo, começando pelo Ministério dos Esportes, esclareçam quem deu licença de colocar símbolos de nossa bandeira e a menção à Copa do Mundo do Brasil, 2014, em uma moeda que carrega o perfil do Rei Juan Carlos, cunhada pela “Real Casa da Moeda da Espanha”.
Se o caso é de uma homenagem, ou associação, meramente esportiva, entre uma coisa e outra, cabe colocar nessa moeda apenas a marca da FIFA, e a menção ás Copas de 2010 e 2014. Se a intenção, que está clara, é comemorar a vitória espanhola na Copa da áfrica do Sul, que a Espanha se limite a abordar, em suas moedas, a Copa de 2010. Se entrar a cara do Rei, como a dos antigos césares que afirmavam a sua autoridade sobre os territórios que controlavam com a circulação de moedas com a sua efígie, a questão torna-se política, e é preciso saber se esse absurdo é fruto da irresponsabilidade de alguém que autorizou a cunhagem dessa moeda, no Brasil, ou arrogante provocação, no caso da decisão ter se originado na Espanha, sem autorização brasileira.
País escolhido para a realização do evento é prerrogativa do Brasil ou, quando muito, da FIFA, cunhar moedas relativas à Copa do Mundo de 2014. Não somos vassalos do Rei Juan Carlos e a memória de “nossa” Copa não pode estar associada (e eternizada em ouro e prata) a uma monarquia ridícula, envolvida com nepotismo, corrupção, e, em pleno século XXI, com a caça de elefantes.
*GilsonSampaio

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