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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, fevereiro 23, 2013


Por "exemplo", Corinthians pode anunciar saída da Libertadores

Morte do jovem Kevin Espada motivou punição ao Corinthians Foto: Facebook / Divulgação
Morte do jovem Kevin Espada motivou punição ao Corinthians
Foto: Facebook / Divulgação
  • Diego Garcia

Irritado com a punição imposta pela Conmebol, o Corinthians cogita anunciar sua saída da Copa Libertadores da América já nesta segunda-feira. A decisão foi tomada na última sexta, em reunião entre membros da diretoria alvinegra, e depende da resposta da Conmebol ao recurso enviado pelo clube paulista. A informação, divulgada neste sábado pela ESPN, foi confirmada ao Terra por uma fonte corintiana, que justificou a iniciativa como "um exemplo".
Caso a resposta da Conmebol seja negativa ao recurso, a equipe brasileira irá avaliar os prejuízos que viriam com a exclusão precoce da mais importante competição da temporada. Patrocinadores, multa por saída voluntária do torneio e renda com público - que já seria uma perda devido à punição - foram discutidos pelos dirigentes corintianos na última sexta.
Autor do disparo pode não estar entre corintianos detidosClique no link para iniciar o vídeo
Autor do disparo pode não estar entre corintianos detidos
O Corinthians protocolou seu recurso junto à Conmebol pedindo para reavaliar a punição que priva o time alvinegro de atuar diante de sua torcida na Copa Libertadores. Após o incidente que matou um menino de 14 anos na estreia do time alvinegro, na Bolívia, a entidade sul-americana obrigou o clube a atuar com os portões fechados em seus jogos como mandante.
O jovem Kevin Beltrán Espada foi morto no duelo entre Corinthians e San José da última quarta-feira, em Oruro-BOL, após torcedores brasileiros atirarem um rojão contra a arquibancada destinada aos bolivianos. Doze fãs do time do Parque São Jorge foram detidos e permanecem presos na Bolívia aguardando julgamento.
A punição imediata imposta pela Conmebol irritou a cúpula corintiana, que pensa ter sido usada como exemplo pela Conmebol. Assim, de acordo com a fonte ouvida pela reportagem, o Corinthians também daria o exemplo saindo de vez do torneio, visando assim brigar pela segurança das agremiações em edições futuras da Libertadores.
Ainda de acordo com a fonte, o fato de o San José e seu estádio não terem sido punidos foi um dos fatores que mais irritou a cúpula corintiana, visitante na partida que terminou com empate por 1 a 1. Ela acrescenta que torcedores alvinegros presentes em Oruro relatam que não ouve sequer revista policial na entrada das arquibancadas, tornando possível que alguém entrasse com um rojão em campo.
Nenhum dirigente do Corinthians procurado pelo Terra atendeu às ligações ou quis falar oficialmente sobre o tema. A expectativa é que o clube se pronuncie na próxima segunda, após a Conmebol avaliar o recurso enviado pelo clube. De qualquer maneira, por enquanto o confronto contra o Millonarios segue confirmado para a próxima quarta, no Pacaembu, ainda com os portões fechados.
Doze torcedores do time paulista seguem detidos em Oruro desde a partida entre San José e Corinthians Foto: AP
Doze torcedores do time paulista seguem detidos em Oruro desde a partida entre San José e Corinthians
*Terra

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