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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, fevereiro 23, 2013

Por falta de fiéis, acelera-se na França venda de igrejas católicas

Igreja de Soissons, ao norte da França


O corretor Patrice Besse acaba de vender uma igreja católica na cidade de Soissons, no norte da França, por 125 mil euros (cerca de R$ 325 mil) a um pianista anglo-taiwanês de 21 anos. 
Besse está oferecendo outras seis igrejas, cujos preços variam 50 mil a 500 mil euros (de R$ 130 mil a R$ 1,3 milhão). 
Uma delas, no estilo Art Déco, também em Soissons, está avaliada em 350 mil euros. 
Observatório do Patrimônio Religioso, entidade civil que se dedica à preservação do patrimônio histórico religioso, estima que estejam à venda na Franca 43 igrejas e capelas, só neste mês de fevereiro, além de outras propriedades católicas. 
Os números da oferta indicam que se acelerou nos últimos meses a venda de igrejas. "Há cada vez menos fiéis e menos doações”, disse Besse. 
“O fenômeno de venda de igrejas está aumentando." 
O corretor disse que até há pouco tempo as dioceses se sentiam constrangidas em vender as igrejas porque foram construídas com doações dos fiéis. 
“Mas agora existe uma necessidade financeira”, afirmou. “É preciso vender algumas para salvar outras.” 
Uma lei aprovada em 1905 determinou que as igrejas e os bens imobiliários religiosos construídos antes desse ano pertencem à prefeitura. 
A lei não impede que essas construções sejam vendidas, e é o que as prefeituras têm feito, para aliviar suas finanças nestes tempos de crise econômica na Europa. 
Os demais templos — com exceção das catedrais — continuam sendo propriedade da Igreja Católica, que, pela laicidade do Estado, está impedida de obter ajuda do governo para preservá-los. 
“A manutenção custa caro, e muitas paróquias preferem vender seus bens para não ter de arcar com despesas de obras", disse o corretor. 
A queda do número de católicos na França faz parte do fenômeno da secularização que varre praticamente toda a Europa. 
Pesquisa de 2009 do Instituto Nacional de Estudos Demográficos da França revelou que naquele ano 45% da população na faixa de 18 a 50 anos declararam não seguir nenhuma crença religiosa. 
Leia mais em http://www.paulopes.com.br/2013/02/acelera-se-na-franca-venda-de-igrejas-catolicas.html#ixzz2Lfb02mLN 
do Blog do Paulo Lopes
*cutucandodeleve

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