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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, fevereiro 12, 2013

EUA: OS DRONES DO PODER


Nani.
Assange desafia EUA a tornar pública política sobre o uso de drones
Do Opera Mundi


Em uma rara aparição na televisão, o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, desafiou as autoridades dos Estados Unidos e o presidente Barack Obama a permitir a consulta pública ao documentos secreto sobre os ataques com drones (aviões militares não-tripulados) contra cidadãos norte-americanos suspeitos de pertencerem à rede terrorista Al Qaeda. Para o jornalista, trata-se de uma decisão arbitrária que evidencia a decadência dos Estados Unidos.

Julian Assange, australiano de 41 anos que desatou a fúria do governo Obama ao revelar milhares de mensagens secretas, condenou a controvertida autorização do presidente Barack Obama de matar cidadãos americanos que tenham conspirado com a rede terrorista Al Qaeda.

"Não vejo uma queda maior (de um sistema) quando o Poder Executivo pode matar arbitrariamente seus próprios cidadãos, em segredo, sem que se difunda publicamente nenhuma decisão", declarou Assange durante o programa Real Time de Bill Maher, no canal HBO.

"É por isso que precisamos de organizações como o WikiLeaks. Eu peço a qualquer um na Casa Branca que tenha acesso a esses documentos e procedimentos que faça o que for necessário para que os recebamos. Seu anonimato será respeitado", enfatizou.

Assange falou com Bill Maher, jornalista defensor do WikiLeaks, por videoconferência da embaixada do Equador em Londres, onde se encontra refugiado há seis meses para escapar de uma extradição para a Suécia, onde é acusado em um caso de estupro, no qual alega inocência. (Fonte: aqui).

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Ao que consta, 54 países pelo mundo concordam em que os drones circulem por seu espaço aéreo, independentemente da missão.  O Patriot Act pisoteava o Direito, e foi imposto por George Bush ao Congresso americano. Com os drones, Obama segue a mesma (ou até pior) trilha, não obstante também tente revestir de legalidade o comportamento - para o que apresenta decisão de juíza federal determinando que em certas circunstâncias a prática é justificável (aqui). Fica uma vez mais demonstrada a importância do WikiLeaks.

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