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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 20, 2013

Após telefonema de vice de Obama a Dilma, Brasil enviará comissão sobre espionagem


Técnicos e autoridades brasileiras viajam nos próximos dias a Washigton para apurar denúncias. Dilma reitera que espera desculpas à sociedade brasileira e mantém viagem aos Estados Unidos em outubro
por Redação RBA publicado 20/07/2013 08:01
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Roberto Stuckert Filho/Planalto
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Biden deu explicações gerais sobre o tema, e Dilma cobrou desculpas à sociedade, diz o Planalto
São Paulo – O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, telefonou na noite de ontem (19) para a presidenta Dilma Rousseff para dar explicações sobre as denúncias de espionagem do Brasil por órgãos de inteligência norte-americanos. Segundo informações divulgadas pelo Palácio do Planalto, Dilma aceitou a proposta da Casa Branca de que se envie a Washington nos próximos dias uma comissão de técnicos e autoridades que buscarão explicações detalhadas sobre o caso.
A ligação durou 25 minutos, disse o governo brasileiro, e Biden deu explicações gerais a respeito da situação. A nota divulgada no Blog do Planalto não esclarece se o vice-presidente abordou especificamente a informação de que uma central de espionagem de políticos, cidadãos e empresas funcionou em Brasília até 2002. De acordo com o texto, o vice-presidente lamentou a repercussão negativa do caso dentro da sociedade brasileira.
Na conversa, Dilma expressou grande preocupação com a violação da privacidade de cidadãos e de instituições de Estado, e informou que espera que os Estados Unidos prestem esclarecimentos à soecidade brasileira. Ela reiterou esperar mudanças nas políticas de comunicações para evitar que haja novas violações de privacidade e da soberania do país.
Segundo o Planalto, a presidenta manteve a intenção de viajar a Washington no próximo dia 23 de outubro, expressando que espera que o caso seja resolvido até lá.
Após a descoberta do esquema, o governo montou um grupo interministerial para abordar a questão. Este grupo manifestou desejo de formulação de regras para evitar que o episódio se repita, e prometeu enviar o caso à Organização das Nações Unidas (ONU) para que seja debatida uma reação.
Durante Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul este mês, em Montevidéu, Dilma cobrou esclarecimentos e a formulação de políticas conjuntas contra este tipo de atuação ilegal. “Nós também fomos atingidos diretamente pelas recentes denúncias de que as comunicações eletrônicas e telefônicas de cidadãos e instituições de nossos países e de outros países da América Latina estão sendo objeto de espionagem por órgãos de inteligência”, afirmou. “Isso fere nossa soberania e atinge direitos individuais inalienáveis de nossa população. Defendemos que a soberania, a segurança de nossos países, a privacidade de nossas comunicações, a privacidade de nossos cidadãos, a privacidade de nossas empresas devem ser preservados.”
*redebrasilatual

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