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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, julho 12, 2013

Globo se torna alvo das ruas






Os protestos contra a Rede Globo ontem não receberam, como era previsível, atenção da grande imprensa. Foram pouquíssimas as menções. 
Mas os atos existiram, mostraram força e puderam, inclusive, ser vistos na programação da própria emissora. 
Um grupo de manifestantes se reuniu diante da sede da emissora em São Paulo. 
A Polícia Militar diz que foram 400 pessoas. 
Os organizadores, que foram ao menos 2 mil. 
Durante a veiculação do SPTV, à noite, uma série de luzes verdes atravessaram o vidro do estúdio do telejornal e atingiram o apresentador Carlos Tramontina. 
O raio laser foi visto no início e no encerramento do jornal. 
Os manifestantes protestaram conta o monopólio na mídia e pela democratização dos meios de comunicação. Não houve confrontos. 
Em Porto Alegre, em Salvador e em outras cidades também houve atos em frente às sedes da emissora. 
No protesto em São Paulo, um projetor colocou duas palavras gigantes no prédio da emissora: "Globo sonega". 
Foi uma referência ao processo da Receita Federal contra a emissora, que envolve desaparecimento de documentos, multa de centenas de milhões de reais e pontos ainda muito obscuros. 
Também foi projetada a frase "Globo mente" 
Um post publicado no blog do Renato Rovai resume a manifestação: 
“A marcha de ontem à noite na frente à Globo marcou. Uma TV inóspita e pouco acessível. Que fica num lugar inóspito e pouco acessível. Numa cidade, convenhamos, bastante inóspita como São Paulo. Mesmo assim éramos ao menos uns 2 mil por lá”. 
“Aliás, daria para comparar a manifestação noturna de ontem na frente da Globo, que não tinha um único figurante, com a dos médicos na Paulista. A deles, segundo o Jornal da Globo do dia, teria 5 mil. Sendo assim, 5 mil para a de ontem também.” 
“A partir de hoje a Globo virou alvo. E a democratização das comunicações uma pauta das ruas. Que bom que havia muitos jovens e a boa energia do Passe Livre. E que bom que o MST estava lá. Há coisas novas acontecendo. E em algum momento isso haveria de acontecer. A Globo se tornaria alvo. Do que é movimento novo. E do que supostamente é movimento tradicional. A Globo não poderia passar ao largo de um momento histórico como este que vive o Brasil. Era preciso um movimento global contra a Globo. O que aconteceu hoje foi só o começo. As redes vão amadurecer o que aconteceu nas ruas. E vão articular novas ruas. Redes e ruas vão criar ainda muitos problemas para quem se achava acima deles, a Globo.” 
Postado por Miro

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