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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, julho 09, 2013

Venezuela recebe pedido formal de asilo de Edward Snowden


Nicolás Maduro afirma não temer represália: 'Os Estados Unidos não governam o mundo. Somos um país livre e soberano'
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Snowden está no aeroporto de Moscou desde 23 de junho à espera de um salvo-conduto
Caracas O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou ontem (9) que seu país recebeu formalmente um pedido de asilo do ex-técnico da CIA, Edward Snowden, que se encontra na zona de passagem do aeroporto de Moscou desde o último dia 23 de junho. "Recebemos uma carta de solicitação de asilo", informou Maduro a jornalistas, depois de se reunir com o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli.
Snowden "terá de decidir quando voa para cá", acrescentou o líder venezuelano. Maduro anunciou publicamente na sexta-feira passada sua oferta de "asilo humanitário" ao ex-técnico da CIA com acusações aos Estados Unidos de "suscitar a loucura" e a "perseguição" após o incidente sofrido na semana passada pelo presidente boliviano, Evo Morales, na viagem de volta a seu país.
Morales precisou esperar 13 horas na terça-feira passada em Viena devido à negativa inicial de vários países europeus a que atravessasse seu espaço aéreo perante a dúvida que transportava Snowden. "A América Latina está dizendo a este jovem: 'o senhor está sendo perseguido pelo império, venha para cá'", declarou Maduro, em alusão a outros oferecimentos similares de asilo oferecidos por Bolívia e Nicarágua.
Perguntado por possíveis represálias dos EUA, caso receba Snowden, Maduro, que ressaltou não ter entrado em contato com o ex-técnico da CIA, declarou que "os EUA não governam o mundo. Somos um país livre e soberano".
O ex-analista americano também já realizou uma solicitação formal de asilo à Nicarágua, recebida pela legação desse país em Moscou. A Casa Branca advertiu que Snowden não pode obter permissão para viajar para outro país que não seja os Estados Unidos, em resposta às ofertas de asilo que o jovem recebeu da Nicarágua, Venezuela e Bolívia.
Snowden, a quem ninguém viu desde que deixou Hong Kong no último dia 23 de junho com destino à capital russa, pediu refúgio em 27 países, segundo o Wikileaks, após revelar uma rede de espionagem em massa das comunicações telefônicas e Internet por parte dos EUA.
Neste momento, ele está em Moscou sem passaporte, já apreendido pelas autoridades norte-americanas, mas lhe seria suficiente com um documento de viagem que faça as vezes de salvo-conduto até chegar a seu destino.
*redebrasilatual

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