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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, janeiro 06, 2015

Se depender do ministro Gilmar Mendes, o STF não concluirá este ano o julgamento da ação movida pela OAB que pede a proibição das doações de empresa para campanhas eleitorais

GILMAR NÃO LIBERA TÃO CEDO…

Ministro diz que até o final do ano dará seu voto sobre financiamento das campanhas

Tereza Cruvinel

Se depender do ministro Gilmar Mendes, o STF não concluirá este ano o julgamento da ação movida pela OAB que pede a proibição das doações de empresa  para  campanhas eleitorais.  O processo,  retido por ele há alguns meses com um pedido de vistas, é  objeto da campanha “libera, Gilmar” .  Ao 247, entretanto,  ele disse que não tem pressa e que até o final do ano apresentará seu voto.  Quatro ministros da corte já votaram favoravelmente.
Mendes argumenta que, embora o financiamento empresarial favoreça a corrupção, a ação da OAB faz parte de uma manobra combinada com o PT para criar outra forma de favorecimento e perpetuação no poder.  “Se proibirmos as as doações de empresas, ficarão permitidas as doações de pessoas físicas.  Neste país de roubalheira, os que mandam nas estatais e nos fundos públicos em geral vão desviar recursos e distribuir dinheiros a militantes para que façam doações como pessoas físicas. É isso que estão querendo. Mas até dezembro meu voto sai”, diz ele.
A seu lado, o ministro do STJ e do TSE Herman Benjamim, defensor do financiamento público de campanha,  sugere que ele faça logo um voto intermediário, estabelecendo algumas vedações  para as empresas. Além de um teto, a proibição de que façam doações aquelas que tenham negócios de certo vulto com o Estado, por exemplo.   Gilmar é reticente.  Ele não gosta da idéia do financiamento público sem mudança no sistema eleitoral e nem da proibição das doações privadas.  Ou seja,  para haver mudança neste sistema que infelicita a democracia brasileira, do STF não sairá nada tão cedo.. Depois, a tarefa de fazer a reforma política é mesmo do Congresso. Mas como nesta matéria os congressistas não querem nada, Dilma terá que se mexer, honrando a promessa de se empenhar pela reforma. Se ficar para o segundo semestre, não sai. Ano que vem tem eleição municipal, dirão os políticos da bancada da inércia.

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