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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, fevereiro 14, 2015

Cuba no carnaval de Porto Alegre



Camisa da escola
A Imperatriz Dona Leopoldina, escola do bairro Rubem Berta, zona norte de Porto Alegre, trará um pouco de Cuba para a avenida no carnaval gaúcho 2015. Com o enredo intitulado “Tenho Samba Com Rumba! Sou Imperatriz y soy Cuba!”, a escola, dará sua contribuição na aproximação das culturas cubana e brasileira. 

Tendo o apoio da Associação Cultural José Martí do Rio Grande do Sul, referência em assuntos culturais que envolvem Cuba, a Imperatriz Dona Leopoldina vai desfilar com quatro carros alegóricos e 1.500 componentes divididos em 21 alas. Aspectos que aproximam Cuba do Brasil serão abordados. O abre-alas lembrará a capital Havana e o bairro boêmio da Lapa, no Rio de Janeiro. Canaviais e a integração Brasil-Cuba também estarão presentes. A revolução Cubana de 1959 será abordada em duas alas. 

Além de Cuba, a agremiação abordará temas de cunho religioso, cultural, educacional e esportivo. “Aqui, a cana vira cachaça. Lá, vira rum. O atletismo e o vôlei, populares por lá, também são praticados aqui. Procuraremos estabelecer relações”, explica a presidente da escola, Juciane Afrasino. 


O samba-enredo


Letra:

Tenho Samba Com Rumba! Sou Imperatriz y soy Cuba!

Venha cantar com a Leopoldina
Revolução, comunidade
Cubana, laranja, latina
E caribenha a preferida da cidade

Aos olhos de um pescador
Que leva a vida tecida na rede
A água abençoou
Banhou de fé a alma dessa gente
Mãe negra do Rio de cá
E Índia do mar de lá
Senhora Aparecida
“la Virgen de Caridad”
Duas terras, uma origem
No destino, um só clamor
E os tambpres da Negra Imperatriz
Rompem os grilhões da dor

“Soy batuquero en la Santería”
Sou batuqueiro no Candomblé
“Mi Madre Rumba” na Leopoldina
Dona do Samba, “muy caliente” é…
Na Liberdade, hei de acreditar
“Tener” bravura, revolucionar
“Arriba, pero sin” perder ternura
A esperança desse povo a imperar
Toque o tambor, traz a cachaça
E uma dose de rum…
“Yo me voy” com a Imperatriz
A bailar na multidão
Sou um eterno devoto do meu pavilhão
(Minha cubana Imperatriz)

Autores: Vinicius Maroni, Vinicius Brito, Saimon, Tom Astral e Arilson Trindade.

A escola 

A Imperatriz Dona Leopoldina de Porto Alegre foi fundada em cinco de janeiro de 1981 e foi nomeada em homenagem a escola de samba Imperatriz Leopoldinense do Rio de Janeiro, e, portanto, em homenagem a Imperatriz do Brasil Dona Leopoldina Von Habsburg, a primeira esposa de Dom Pedro I. 

Em 2010 fazendo uma homenagem a cantora Beth Carvalho a escola venceu pela primeira vez o Grupo Especial. 

No ano passado, nos 90 anos da Coluna Prestes, a escola homenageou o líder comunista Luis Carlos Prestes com o enredo “A Marcha da Imperatriz Prestes a Encontrar Luís”. Além disso, Leonel Brizola, ex-governador do Rio Grande do Sul e um dos principais líderes da esquerda na segunda metade do século XX, e a luta da União Nacional dos Estudantes (UNE) no “Foro Collor”, em 1992, foram temas durante esses 20 anos de escola. 

Vitória cubana 

Em 2011 a escola União da Ilha da Magia de Florianópolis também levou Cuba para a avenida. Tendo a médica e revolucionária cubana Aleida Guevara na passarela e o apoio da Associação Cultura José Martí se Santa Catarina (ACJM-SC) a escola acabou se sagrando campeã com enredo "Cuba sim! Em nome da verdade"

 Com informações do Diário Gaúcho Consulado de Cuba em São Paulo.

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