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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, fevereiro 06, 2015

Lúcia Vânia chora, diz que foi massacrada por Aécio e vai deixar o PSDB

"Ele não tinha o direito de fazer isso". Após ser enquadrada por Aécio Neves, senadora tucana anuncia que deixará o partido. Lúcia Vânia entrou no PSDB há 20 anos

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Depois de ser enquadrada por Aécio Neves, senadora Lúcia Vânia anuncia saída do PSDB (Imagem: Pragmatismo Político)
Após disputar internamente no PSDB um cargo na Mesa Diretora do Senado, a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) anunciou nesta quarta-feira que deixará seu partido.
Lúcia Vânia subiu à tribuna do Senado para declarar que votou em Luiz Henrique, conforme determinou seu partido e, em discurso bastante emocionado, afirmou que sente “profunda tristeza” pelo episódio. A senadora se disse “massacrada” por integrantes da própria legenda.
O desabafo da tucana ocorre um dia depois de o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), reunir a bancada do partido no Senado e desautorizar Vânia a disputar uma vaga na Mesa Diretora da Casa. No lugar dela, foi indicado o senador Paulo Bauer (PSDB-SC).
A senadora contava com o apoio do presidente reeleito do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para a vaga da primeira-secretaria, órgão administrativo da Casa. Esse apoio levantou suspeita sobre o voto dado por ela na disputa pela presidência do Senado, realizada no último domingo. Na ocasião, o PSDB fechou questão em torno da candidatura de Luiz Henrique (PMDB-SC), derrotado por Renan.
“Querem desacreditar minha atitude pondo em suspeição meu voto para presidente dessa Casa”, reclamou a senadora durante discurso na tribuna do Senado. “Não posso de forma nenhuma aceitar a ação sutil, rasteira e muito cruel que fizeram comigo durante essa semana”, completou.
“Fui submetida sem aviso prévio a uma situação vexatória. Expuseram-se impiedosamente a toda a bancada do PSDB, da imprensa, do meu estado e dessa Casa. Descredenciando a minha palavra, o desprestígio da minha credibilidade”, afirmou a senadora.
“Eu vou tomar ainda algumas providencias que precisam ser tomadas em relação a consulta no Supremo. O que posso dizer é que não tenho mais motivação para ficar no PSDB”, afirmou Lúcia Vânia após desabafar em discurso realizado no plenário.
“Me massacraram quando o Renan impôs a minha candidatura como primeira-secretária. Ele jogou a isca e o Aécio mordeu o anzol. Na verdade Aécio Neves podia ter dito: agradeço a indicação, reconheço o valor da senadora, mas vamos discutir internamente na bancada e não levantar suspeita sobre o meu voto”, acrescentou.
Segundo alguns senadores, o episódio desta terça chegou a levar a senadora às lágrimas. Com o tom de voz embargado e expressão chorosa, ela lembrou que ingressou no partido em 1995. “Ele não tinha o direito de fazer isso”, afirmou. Caso consiga o aval jurídico para deixar a legenda, Lúcia Vânia pretende ficar sem partido.
*Pragmatismopolitico

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