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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, fevereiro 06, 2015

Parecer que defende impeachment foi encomendado por advogado de FHC





O parecer jurídico elaborado por Ives Gandra da Silva Martins e que defende a hipótese de impeachment de Dilma Rousseff foi encomendado por um advogado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e que integra o conselho do Instituto FHC. As informações são da Folha de S. Paulo.
O documento, escrito por Ives Gandra, foi solicitado por José de Oliveira Costa, que confirmou à Folha que trabalha para FHC: “sou advogado dele”. No entanto, ele nega que o documento tenha caráter político: “Não tenho ligação nenhuma com o PSDB. Nem sei onde fica o diretório.”
Martins nega que a peça tenha pretensões políticas e destacou que o documento é “absolutamente técnico”. ‘Para mim, é indiferente se o cliente é o Fernando Henrique Cardoso ou uma empreiteira’.
O jurista disse que cobrou pela peça, mas não informou o valor. Já advogados ouvidos pela Folha dizem que a peça pode custar entre R$ 100 mil e R$ 150 mil.
Vale ressaltar que, em artigo publicado no último domingo (1), Fernando Henrique incita juízes, procuradores e a mídia a ir até as últimas consequências na apuração dos desvios da Petrobras. Questiona pela Folha, FHC disse que soube na última terça que Costa encomendara o parecer. Para FHC, “neste momento”, o impeachment “não é uma matéria de interesse político”.
*DCM

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