Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, fevereiro 11, 2015

É gritante!. A estranha obsessão de Eduardo Cunha com os gays


A estranha obsessão de Eduardo Cunha com os gays



A obsessão de Eduardo Cunha pelos gays é algo que vai muito além do razoável, até para os padrões 
de sua turma. 
 
Em janeiro, Cunha criticou o que o “movimento gay” faz do Judiciário. As entidades 
estão, segundo ele, conquistando na Justiça o que não conseguem mudar no Congresso.
“O que nos preocupa e isso é um problema sério que nós temos de ficar atentos é a crescente 
judicialização favorável ao movimento gay”, disse.
Para ele, a imprensa é uma das grandes aliadas da causa. “Setores da mídia agem no sentido de criar 
um clima como se isso tudo fosse normal, inevitável e como se eles fossem maioria, coisa que 
absolutamente não o são”, afirma.
Há “demandas insufladas pela TV”, declara, referindo-se provavelmente às novelas. “Na medida em 
que os militantes gays não queiram substituir a família tradicional, nada contra eles e contra o seu 
comportamento. 
O que não podemos permitir é que isso vire uma família”, diz.
No Twitter, Eduardo Cunha já se manifestou diversas vezes para detonar o “gayzismo”. “Estamos 
vivendo a fase dos ataques, tais como a pressão gay, a dos maconheiros, abortistas. O povo evangélico 
tem de se posicionar”, reclamou. “Boa noite a todos. Muitos ativistas gays agredindo muito no tt. Isto é
heterofobia”, escreveu.
Cunha é autor de iniciativas como o “Dia do Orgulho Hétero” e a “lei da heterofobia” (PL 7.382/10),
para proteger, em tese, sujeitos decentes como ele. É evidente que esse não é o único e nem o maior
problema de Eduardo Cunha, amigo do falecido PC Farias e envolvido em denúncias de roubo desde o
início da vida pública, mas chama a atenção a dedicação ao tema e seu visível incômodo.
Numa entrevista ao Valor, ele reagiu indignado às comparações com Frank Underwood, o antiheroi do
sensacional seriado “House of Cards”. “Eu acho isso um absurdo. Eu vi essa série. Existem três
diferenças clássicas, ali: o cara é um assassino, o cara é um corrupto e o cara ainda é um homossexual.
Não dá para eu aceitar essa comparação. É ofensiva”.
Parte dessa histeria é para atender seu público. A distopia sexual propagada por gente como Cunha,
que prega que viveremos num país de cabeça para baixo se não tomarmos uma atitude, lhe rende
votos. A outra parte é patológica.
Nos EUA, onde a direita religiosa nutre a mesma fixação, a escritora e líder evangélica Rachel Held
Evans causou barulho ao criticar essa monomania. “Minha pergunta para os evangélicos é esta: vale a
pena? É uma ‘vitória’ contra o casamento gay perder mais jovens para o cinismo em relação à igreja? É
uma ‘vitória’ perpetuar a idéia de que os cristãos estão em guerra com as pessoas LGBT? Eu, por
exemplo, estou cansada de tentar defender os evangélicos quando seus líderes se comportam de
maneira indefensável.”
“Um grande homem disse uma vez que tudo era sobre sexo. Exceto sexo. Sexo é poder”, disse Frank
Underwood — que, de resto, é bissexual. Mais uma diferença de Eduardo Cunha, veja só.

Nenhum comentário:

Postar um comentário