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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, julho 13, 2011

Human Rights Watch pede que Bush seja processado por crimes de guerra

Torturador e genocida



O governo de Barack Obama está descumprindo as obrigações internacionais dos Estados Unidos por não ter investigado o ex-presidente George W. Bush por supostas torturas, assinalou nesta segunda-feira (11/07) a ONG Human Rights Watch. A organização divulgou um extenso relatório sobre as denúncias de detidos, supostos terroristas, sobre os maus tratos "autorizados pelo presidente Bush e por outras autoridades", segundo o documento. 

"O governo de Obama não cumpriu com as obrigações dos EUA sob a Convenção contra a Tortura, porque não investigou os atos de tortura e outros maus tratos contra os detidos", afirma a HRW em comunicado. O documento de 107 páginas -- intitulado "Tortura impune: o Governo Bush e os maus tratos aos detidos" -- expõe o que o grupo qualifica como "informação substancial que possibilita a investigação criminosa de Bush e de outras autoridades de seu governo, incluídos o ex-vice-presidente Dick Cheney, o ex-chefe do Pentágono Donald Rumsfeld e o ex-diretor da CIA George Tenet". 

Segundo a HRW, todos eles ordenaram práticas como "o submarino" -- um procedimento pelo qual, com água, o detento é levado à beira da asfixia --, o uso de prisões secretas da CIA e a transferência de detidos a países onde teriam sido torturados. Em 2005, a organiuzação já tinha apresentado um documento no qual formulava acusações similares contra esses funcionários e contra o general Ricardo Sánchez, comandante no Iraque, e o ex-general Geoffrey Miller, ex-comandante militar da prisão norte-americana em Guantánamo (Cuba). "O presidente Obama tratou a tortura mais como uma seleção infeliz de procedimentos do que como um delito e sua decisão de pôr fim às práticas abusivas de interrogatório seguirá sendo reversível, a menos que se restabeleça a proibição da tortura", segundo o diretor-executivo da HRW, Kenneth Roth. Em agosto de 2009, o secretário de Justiça, Eric Holder, pediu a seu subordinado imediato, John Durham, uma investigação sobre os abusos de detidos, mas a limitou aos "atos não autorizados". Como os advogados do Departamento de Justiça e do Pentágono no governo Bush haviam autorizado o "submarino" e outros métodos de interrogatório, esses atos ficaram fora da investigação. O grupo de direitos humanos pediu a criação de uma comissão independente, não partidária, e argumentou que "os EUA e o mundo inteiro merecem uma prestação plena e pública de contas sobre a escala dos abusos após os ataques do 11 de Setembro". 
*Cappacete

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