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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, agosto 24, 2011

O ouro de Tripoli



 

 

Nada, não há nada a fazer: uma pessoa vai de férias e pronto, as Bolsas precipitam, Khadafi cai, Strauss-Khan é ilibado e o Brasil derrota Portugal no campeonato do mundo de futebol sub-21.


Milagre! Fátima? Não, Tripoli.

Tentamos perceber. Aliás, reparamos num facto: ninguém tenta perceber.

A notícia é que os rebeldes conquistam a capital da Líbia, Tripoli, e ameaçam o simpático Khadafi.

E ninguém, mas mesmo ninguém, explica uma coisa: como é que uma cambada de incapazes (Nato mais "rebeldes"), que ao longo de seis meses ficaram a contemplar as dunas, de repente torna-se um exército invencível?

Eis as respostas possíveis, cabe ao Leitor escolher a opção que parece mais adequada:

1. A Nato e os rebeldes decidiram aproveitar das férias de Informação Incorrecta para atacar sem o risco de serem criticados. O que faz sentido.
2. A Nato e os rebeldes quiseram acabar esta guerra antes da chegada do cometa Elenin, que como sabemos trará grandes novidades para todos os seres humanos.
3. A Nato e os rebeldes organizaram uma rifa para a recolha de fundos, graças aos quais puderam adquirir meio quilo de munições e 10 litros de gasolina para os tanques. Desta forma conseguiram atacar Tripoli.
4. Após Hugo Chavez ter retirado 100 toneladas de ouro do Banco de Inglaterra, era preciso encher os cofres vazios com 143,8 toneladas de ouro; casualmente a mesma quantia guardada pelo simpático Khadafi.

Eu ainda estou na dúvida.
Em qualquer caso, em breve os Líbios poderão festejar a chegada da democracia.
Estão feitos.

Os Estados Unidos já se empenharam para pôr em segurança o arsenal químico do Coronel. Doutro lado, são de confiança, pois tinham feito o mesmo com as armas de destruição maciça de Saddam Hussein.
Só não se percebe como é que estes malvados, mesmo ao dispor de armas terríveis, nunca escolhem utiliza-las.
Deve ser por serem malvados e estúpidos também.

A França convidou oficialmente o leader do Conselho de Transição, Mahmoud Jibril, em Paris, onde encontrará o marido de Carla Bruni.

E o governo italiano convidou Abdessalam Jalloud, ex número dois de Khadafi, possível futuro primeiro ministro.

Os abutres cheiram a refeição.
*InformaçãoIncorreta

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