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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, agosto 22, 2011

Os juros vão baixar. Mantega vai manter o aperto fiscal

Os urubólogos do PiG seguem alguns Mandamentos inscritos na Tabua das Leis Neoliberais.
(Como diz o Delfim, na Carta Capital desta semana, o Templo Maior dessa Religião é o Banco Central americano. Aquele, do Alan Greenspan, que, antes de 2008, dizia que os bancos saberiam defender-se e evitar a quebra…)
No momento, a Urubologia se concentra em dizer que o Brasil precisa de um “arrocho fiscal”.
Em termos bem vulgares, como os que emprega o pessoal do Tea Party (a consumação do neoliberalismo), “arrocho fiscal” significa tirar dinheiro do Brasil Sem Miséria e não cobrar imposto do pessoal da "FIE(s)P".
O Luiz de Barros, o José Mendonça, o André Resende, o Aécio Never – em notável artigo na Carta Capital, em que demonstra não ter nada a declarar -, o Marcio Cunha e o Luis Carlos Camargo – todos eles pregam o “arrocho”.
Porque, se não “arrochar”, a inflação dispara – e a Dima cai, já que esse é o Mandamento décimo: derrubar (qualquer) presidente trabalhista.
Na primeira página desta segunda feira, o Ministro Mantega, da Fazenda, diz à Claudia Safatle, no Valor , que o “Governo manterá o controle fiscal”.
O governo “está mudando o mix da política econômica”, usando mais rigor fiscal e menos juros para controlar a inflação, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega ao Valor. Ele afirmou que o fortalecimento da política de controle do gasto público este ano foi exatamente nessa direção, a partir da decisão de cumprir a meta de superávit primário “cheia” – ou seja, sem deduzir os gastos com investimentos do PAC, de R$ 32 bilhões.
“Eu trabalho para cumprir a meta cheia até 2014 e isso não vai sacrificar nenhum projeto de investimento. O custeio é que vai crescer menos”.
O ministro admitiu que houve momentos, no passado recente, em que “o fiscal conflitava com o monetário”, referindo-se a ocasiões em que o Banco Central elevava os juros para desaquecer a demanda e controlar a inflação e ao mesmo tempo o Tesouro expandia as despesas, aquecendo a demanda. Isso acabou.
“Mudamos o mix de forma permanente. Não é só por causa das turbulências externas. Acho que fica melhor assim, porque é mais barato para o Erário público e mais eficiente. Com isso, tenderemos a ter, no futuro, juros mais baixos…
~o~
Ou seja, os juros vão baixar.

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