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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, novembro 11, 2011

Haddad fecha acordo e enterra prévia; PT quer SP como exemplo para o País

Fernando Haddad já começou a tentar atrair o apoio do PMDB para sua candidatura - Andre Dusek/AE-16/12/2011
Andre Dusek/AE-16/12/2011
Fernando Haddad já começou a tentar atrair o apoio do PMDB para sua candidatura
Foi um café na manhã na casa do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), com Haddad e 15 deputados federais do PT de São Paulo, que sacramentou a desistência de Tatto e Zarattini da prévia marcada para o dia 27. Pouco depois, a Executiva Nacional do PT - reunida em Brasília - fez um apelo pela "coesão", num claro movimento contrário às prévias em capitais estratégicas, como Belo Horizonte e Recife. "Nunca pusemos a prévia como objetivo a ser alcançado", disse o presidente do PT, Rui Falcão. "São Paulo é um exemplo a ser seguido, em nome da unidade", emendou o deputado José Guimarães (CE), vice-presidente do partido.
Até janeiro. A renúncia de Tatto e Zarattini, com o consequente apoio a Haddad, será anunciada hoje, em São Paulo. Antes, o ministro almoçará com os dois e também com dirigentes do PT. A intenção da presidente Dilma Rousseff é substituir Haddad em janeiro de 2012, na esteira da reforma ministerial, para que a eleição não contamine o governo.
Lula quer que a senadora Marta Suplicy (PT-SP) integre o comando da campanha de Haddad. Pressionada, ela se retirou do páreo há oito dias, atendendo a apelo de Dilma e do ex-presidente. "Eu, agora, vou me recolher", disse Marta ao Estado. Ela deverá anunciar apoio ao ministro só após conversar com Lula.
Haddad prometeu assegurar espaço em seu comitê às correntes de Tatto e Zarattini. Aliados de Marta no passado, os dois reclamavam de privilégio ao grupo do titular da Educação. "Nós fizemos um apelo a eles para não haver prévia e mostramos preocupação com a unidade do PT em São Paulo. Temos uma campanha dura pela frente e vamos enfrentar o PSDB e o PSD", insistiu o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP).
PMDB. Mesmo em tratamento para combater um câncer na laringe, Lula já marcou novas conversas com aliados e acha possível convencer o PMDB a não lançar o deputado Gabriel Chalita à sucessão do prefeito Gilberto Kassab (PSD).
No PMDB do vice-presidente Michel Temer, porém, a hipótese de uma chapa formada por Haddad e Chalita é vista como "bastante remota". Nem mesmo a ideia de Chalita ocupar um ministério empolga Temer, ao menos por enquanto.

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