O erro de Pondé
As participações de Luiz Felipe Pondé me incomodam da mesma maneira que as participações do historiador Marco Villa. Não chega a ser um grande incômodo, mas confesso que o tom de censura e militância cria uma espécie de freio emocional.
Hoje, Pondé me dá argumentos racionais ao sentimento. No seu artigo "O erro de Foucault", publicado na Folha (leia abaixo), começa sintomaticamente denunciando o apoio que Michel Foucault teria dado á revolução iraniana no final de sua vida e avança sobre a ocupação da reitoria da USP pelos estudantes. A ponte entre Foucault e os estudantes da USP não é ingênua. Foucault ficou conhecido por protagonizar seminários famosos durante as barricadas de Maio de 68, em Paris.
Qualquer um tem direito de discordar das teorias libertárias ou da esquerda. Mas é preciso se conter ou se joga a água com o bebê juntos, ou seja, elimina-se a boa relação democrática entre contrários. Pondé caiu nesta vala no artigo de hoje. Termina o artigo assim:
Proponho que da próxima vez que os indignados sem causa ocuparem a faculdade de filosofia da USP (ou fefeleche, nome horrível) que sejam trancados lá até que descubram que não são donos do mundo e que a USP (sou egresso da faculdade de filosofia da USP) não é o quintal de seus delírios.
Não é possível que alguém que pretensamente esteja defendendo a democracia e a ordem brinque desta maneira num artigo publicado no maior jornal do país. O artigo não fica apenas nesta frase. É uma "rodada de baiana" no estilo "Cansei".
O que prova que realmente o uso do cachimbo pode entortar a boca.
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