por Paulo Jonas de Lima Piva
Lemos na página 130 de A Religiosa, de Denis Diderot
(1713-1784), na tradução de J. Guinsburg, da editora Perspectiva, um
ataque fulminante à estupidez da vida monástica católica. É um religioso
que fala:
"Os conventos são, pois, tão essenciais à constituição de um Estado?
Jesus Cristo instituiu monges e religiosas? A Igreja não pode
absolutamente passar sem eles? Que necessidade tem o esposo de tantas
virgens loucas e a espécie humana de tantas vítimas? Não se sentirá
jamais a necessidade de estreitar a abertura desses abismos em que as
futuras raças vão se perder? Todas as preces de rotina que aí se fazem
valem um óbulo que a comiseração dá a um pobre? Deus, que criou o homem
sociável, aprova que ele se encerre? Deus, que o criou tão inconstante,
tão frágil, pode autorizar a temeridade de seus votos? Esses votos, que
ferem o pendor geral da natureza, podem eles ser jamais observados, a
não ser por algumas criaturas mal organizadas, em que os germes da
paixão murcharam e que a gente alinharia, com toda a razão entre os
monstros, se nossas luzes nos permitissem conhecer tão facilmente e tão
bem a estrutura interior do homem quanto sua forma exterior? (...) Onde é
que a natureza, revoltada ante uma coerção para a qual ela não foi de
modo algum feita, rompe os obstáculos que lhe são opostos, torna-se
furiosa, joga a economia animal em uma desordem para a qual não há mais
remédio?".
Abaixo, o trailer legendado de uma segunda versão do romance para o cinema:
Nenhum comentário:
Postar um comentário