Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, abril 09, 2014

Pesquisadores expõem na China um panorama da ciência feita no Brasil




 
 ____________________________________________________________________________________

A necessidade de estreitar laços entre brasileiros e chineses no campo da ciência e tecnologia é cada vez mais evidente, acompanhando o crescimento dos dois países em diferentes áreas, da pesquisa acadêmica ao setor produtivo. Parte das discussões para ampliar a parceria sino-brasileira vai ganhar corpo entre os dias 16 e 18 de abril, quando acontece em Pequim a FAPESP Week Beijing – Brazil-China Scientific Collaboration.
___________________________________________________________________________________________________________
O evento será promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) em conjunto com a Universidade de Peking (PKU, na sigla em inglês), e vai reunir pesquisadores de ambos os países na capital da China para discutir estudos nas áreas de ciência dos materiais, meio ambiente, energias renováveis, agricultura, ciências da vida, medicina e saúde.
O foco principal do simpósio será o de aumentar o relacionamento entre os pesquisadores do Estado de São Paulo e os pesquisadores chineses de diferentes instituições de ensino e pesquisa daquele país, com o objetivo de promover estudos conjuntos que beneficiem a população de ambos os países.

A estratégica aproximação entre China e Brasil em ciência e tecnologia deve-se ao fato de que, nos últimos anos, a China vem se destacando enormemente nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, resultado do grande volume de recursos destinados pelo país asiático para C&T, que o tornaram um dos que mais investem em pesquisa no mundo, com reflexos claros em sua produção acadêmica e sua economia, por exemplo.
Em setembro de 2013, o embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, esteve na FAPESP acompanhado da conselheira política da embaixada da China em Brasília, Tian Min, e do adido civil da representação chinesa no Brasil, Deng Huan, para discutir a crescente e estratégica aproximação entre os dois países nas áreas de ciência e tecnologia.
No mês seguinte, uma delegação da Universidade de Peking, chefiada por Wang Enge, presidente da PKU, esteve na FAPESP a fim de conhecer melhor os mecanismos adotados para o financiamento à pesquisa em São Paulo, além de um perfil das principais instituições de ensino e pesquisa localizadas no Estado.
Em contrapartida, representantes da Fundação estiveram em Pequim em junho de 2013 e março de 2014, para discutir e preparar o evento que ora se concretiza.

O simpósio em Pequim é parte de um esforço da FAPESP pela internacionalização da pesquisa brasileira. Desde 2012, a Fundação já organizou simpósios científicos em Washington, Morgantown, Cambridge, Charlotte, Chapel Hill, Raleigh (EU A), Toronto (Canadá), Salamanca e Madri (Espanha), Tóquio (Japão) e Londres (Reino Unido).
A fim de que as pesquisas apoiadas pela Fundação estejam entre as mais destacadas no mundo, a FAPESP tem feito parceria com instituições de pesquisa internacionais, além de agências de fomento e empresas em países conhecidos pela alta qualidade de suas pesquisas.

Cooperação científica

De acordo com o embaixador da China no Brasil, nos últimos anos seu país aumentou significativamente os investimentos em ciência, tecnologia e educação, o que fez com que outros setores da sociedade chinesa percebessem os resultados desses investimentos, passando a apoiá-los como prioridade. Isso explicaria, segundo ele, a expressiva participação das empresas no desenvolvimento científico e tecnológico chinês.
Para Celso Lafer, presidente da FAPESP, este é o momento de a Fundação incluir a China em seu processo de internacionalização, tendo em vista os significativos investimentos realizados pelo país asiático em pesquisa e desenvolvimento.
“São Paulo pode tornar-se um parceiro importante na produção do conhecimento para as universidades e instituições de pesquisa da China, visto que produz 50% da ciência brasileira. Em diferentes áreas, nossas pesquisas vêm se internacionalizando rapidamente, e precisamos criar condições para aumentar nossa produção científica e tecnológica também com os chineses. Assim, os valores da ciência poderão fazer parte da construção de fortes laços entre as sociedades dos dois países”, diz.
De acordo com Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação, a crescente produção científica chinesa justifica a aproximação com instituições e pesquisadores daquele país. “Com os eventos FAPESP Week tem sido criadas oportunidades para aumentar a visibilidade da ciência feita em São Paulo e com isso criam-se oportunidades para projetos de pesquisa colaborativos internacionais. Com o evento na China buscamos intensificar as oportunidades de colaboração com pesquisadores naquele país, especialmente com os da Universidade de Peking, responsável por parte significativa da produção científica chinesa.”

Programação
Satélite sino-brasileiro

No primeiro dia da sessão de palestras, após uma apresentação do diretor científico da FAPESP com um panorama da ciência e tecnologia no Estado de São Paulo, serão expostos trabalhos desenvolvidos por pesquisadores dos dois países nas áreas de ciência dos materiais e nanomateriais, quando serão abordados, entre outros aspectos, o desenvolvimento de modelos para carga eletrostática e suas possibilidades de uso na produção e conservação de energia.
O segundo dia do evento estará reservado para as apresentações de pesquisadores da área da de ciências ambientais e energias renováveis, com palestras sobre o desenvolvimento do Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre, que incorpora conhecimentos sobre as florestas e oceanos tropicais e sua influência nas mudanças climáticas globais, e sobre as tecnologias para superar os desafios para a produção de biocombustíveis de segunda e terceira geração.
Agricultura, ciências biológicas, medicina e ciências da vida serão as áreas abordadas pelos pesquisadores durante o terceiro dia do evento. Entre os temas das apresentações estarão estudos sobre a relação do investimento em capital humano e as mudanças tecnológicas na agricultura, pesquisas sobre as estratégias de remodelação da fisiologia de plantas para os processos de produção de alimentos e bioenergia, e as novas tecnologias em neuroimagem, ressonância magnética e biomarcadores para o tratamento da epilepsia.
Como parte da programação, a Universidade de Peking receberá também a mostra Brazilian Nature – Mistery and Destiny, dedicada à divulgação da biodiversidade brasileira. A programação completa do evento pode ser conferida no endereço http://week2014china.aston.fapesp.br/. A participação é aberta ao público, mediante inscrição.



___________________________________________________________

Nenhum comentário:

Postar um comentário