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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, abril 24, 2014

Promotora Milhomens inova: em vez de grampo sem áudio usa áudio sem grampo para ferrar Dirceu e bisbilhotar Planalto


Há um ditado que diz "Pense num absurdo. Na Bahia, há precedente".  O mesmo acontece em todo o processo da chamada AP 470, e agora na ilegal prisão de José Dirceu, que deveria estar cumprindo pena em regime semiaberto há cinco meses, e, no entanto, está trancafiado na Papuda.
A promotora do Distrito Federal Márcia Milhomens justificou assim seu pedido de quebra do sigilo telefônico do Palácio do Planalto (destaques em negrito são meus):
"A medida objetiva apurar denúncias trazidas ao Ministério Público, em caráter informal, de que o sentenciado José Dirceu teria estabelecido contato telefônico, nos termos já referidos. Ressalte-se que os detentores das informações recusaram-se, peremptoriamente, a prestar depoimento formal."
Quer dizer que alguém que se recusa PEREMPTORIAMENTE a prestar depoimento formal (ou seja, um Anônimo, como esses que comentam em blogs) faz uma acusação e a promotora quer quebrar o sigilo das principais autoridades do Poder Executivo?
Já tivemos o caso do grampo sem áudio, que envolveu o àquela época presidente do STF Gilmar Mendes e o santinho do pau oco finalmente desmascarado Demóstenes Torres, quando Mendes se achou no direito de chamar o presidente Lula às falas. A transcrição do suposto áudio apareceu na Veja, que ficou de mostrar o áudio, mas nada...
Pois a promotora inova e inventa o áudio sem grampo, pois nem a transcrição da conversa existe.
Pois, promotora, recebi informação de alguém que se recusa peremptoriamente a prestar depoimento formal de que a senhora está agindo em conluio com seu orientador de tese, Gilmar Mendes, e com o presidente do STF, Joaquim Barbosa, com o intuito de desestabilizar o governo e torturar José Dirceu. Baseado nisso, peço a quebra do sigilo telefônico dos três para verificar se não se comunicaram no período com esse objetivo.
Fumando, espero.

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