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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, abril 12, 2014

REDE GLOBO - POR QUE DILMA ALIMENTA COM VERBA BILIONÁRIAS A SERPENTE VENENOSA QUE A PICA DIUTURNAMENTE?

Dilma e João RobertoSobre a alardeada queixa de Dilma a João Roberto Marinho



Segundo Mônica Bergamo, da Folha, Dilma se queixou do Jornal Nacional numa conversa que teve com João Roberto, o segundo dos três filhos de Roberto Marinho e responsável pelo conteúdo editorial das Organizações Globo.
Faz sentido, é claro.
O Jornal Nacional, absurdamente governista na ditadura militar, foi para a direção oposta quando o PT chegou ao poder.
Se o JN existisse sob Jango, é provável que ele seria mais ou menos como é hoje: uma ênfase extraordinária nas más notícias, reais ou imaginárias.
O que não faz sentido é a atitude de Dilma, e do PT no poder, diante da Globo. A Globo faz o que sempre fez: sabota governos populares e intimida o mundo político para que seus privilégios imensos sejam preservados.
E o que tem feito o governo em resposta? Nada. Repito: nada.
A evidência mais notável disso está nas verbas publicitárias que o governo destina à Globo. Em dez anos, foram 6 bilhões de reais, isso mesmo com a queda notável da audiência da emissora. (A Globo perdeu cerca de um terço do público na última década.)
Este dinheiro alimenta a máquina da Globo destinada à sabotagem de medidas favoráveis ao “Zé do Povo”, como o patriarca da Globo, Irineu Marinho, se referia aos cidadãos comuns.
O Secom, que administra a verba governamental, afirmava sob Helena Chagas que esse paradoxo – um dinheiro brutal para uma empresa que faz campanha contra – se devia a uma coisa chamada “mídia técnica”.
Pausa para rir. Ou chorar.
Nada justifica você premiar quem sabota você, ou numa visão mais ampla, a sociedade.
As mensagens oficiais veiculadas na Globo chegariam a um número maior de pessoas. Era mais ou menos o que dizia Helena Chagas.
Mas um momento.  Que pessoas são mesmo estas? Elas verão – ou zapearão para fugir – comerciais que promove um governo que nas reportagens é brutalmente atacado sempre.
Pela lavagem cerebral a que é submetido, o típico admirador da Globo – ou da Veja – abomina o governo petista e estatais como Petrobras e Banco do Brasil.
Há lógica em gastar bilhões de reais para levar a este grupo publicidade de estatais que ele detesta?
Não. Não há.
Outro dia, vi uma publicidade da Petrobras na página de Reinaldo de Azevedo na Veja. Alguém já viu o que Azevedo e seus leitores dizem a respeito da Petrobras?
Um dos maiores erros do governo é exatamente a “mídia técnica”, que favorece quem age para corroê-lo ou mesmo, como se viu no julgamento do Mensalão, para destruí-lo.
Helena Chagas saiu e Thomas Trauman entrou. Haverá alguma mudança numa estratégia não apenas errada como suicida?
Os fatos dirão.
A recente pesquisa da Secom sobre consumo de notícias mostrou o avanço extraordinário da internet.
Testemunhamos isso de um lugar privilegiado. O DCM, em um ano de vida, saiu de pouco mais 100 mil visualizações mensais para 2,5 milhões. Passamos a barreira de 1 milhão de visitantes únicos por mês.
O fato de Lula ter escolhido blogueiros para dar uma entrevista é também revelador de que o PT parece ter acordado para a realidade: a internet é cada vez mais influente e a mídia tradicional cada vez menos. Fora tudo, é na internet que você encontra vozes alternativas à velha visão de mundo pró 1% defendida agressivamente pelas grandes corporações jornalísticas.
No caso da alardeada queixa de Dilma a João Roberto Marinho, muito mais efetivo que palavras seria um ajuste imediato e profundo na distribuição das verbas oficiais.
Quem ganharia com isso, na verdade, seria a sociedade – e com ela o projeto de um Brasil justo, algo que a Globo e as grandes empresas de mídia sempre combateram ferozmente.

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