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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 07, 2015

REPÚDIO AO MASSACRE PROMOVIDO PELO GOVERNO BETO RICHA SOMOS TODOS PROFESSORES!

REPÚDIO AO MASSACRE PROMOVIDO PELO GOVERNO BETO RICHA
SOMOS TODOS PROFESSORES!
Na última quarta-feira, dia 29 de abril, o país acompanhou cenas de imensa violência e de ataque à democracia durante o massacre sofrido pelos professores da rede estadual do Paraná. A polícia militar do estado, sob ordens do governador Beto Richa (PSDB) foi autora do maior massacre aos profissionais de educação já vividos após o período de redemocratização do país. Em greve e manifestando-se contrários a um Projeto de Lei que confisca dinheiro do fundo de aposentadoria desses profissionais, os professores tentavam acompanhar a votação do PL em frente à Assembleia Legislativa quando foram atacados com bombas de gás lacrimogêneo, tiros de borracha, gás de pimenta, cassetetes, jatos de água e cães treinados para agredir.
Segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná – APP/Sindicato, os docentes, que estavam reunidos no Centro Cívico de Curitiba, local onde ficam a Assembleia Legislativa, a sede do governo estadual e o Tribunal de Justiça, foram atacados por cerca de 1800 policiais que lançaram aproximadamente 1.500 bombas de efeito moral, além de spray de pimenta, cães e bombas de gás lacrimogêneo. Uma creche, próxima ao local, sentiu os efeitos do gás e teve de interromper o atendimento e fechar as portas. É inacreditável que as tropas do tucano Beto Richa e de seu secretário de segurança, Fernando Franscischini, tiveram a coragem de conduzir suas ações violentas sem a menor preocupação ou pudor em atingir com gás lacrimogêneo até bebês e crianças matriculadas numa creche!
Nada jamais justificaria a ação de violência contra professores, que tradicionalmente fazem protestos pacíficos em defesa de seus direitos e da educação pública. A imprensa, parcial e defensora dos interesses tucanos, quando noticiou os fatos defendeu uma hipótese governista de que haveriam “infiltrados” causando tumulto e classificou o ocorrido como “confronto”. Mas a realidade, todos os presentes e o que se vê em todas as filmagens realizadas, pelos manifestantes e pela própria imprensa, desmente essa versão. No dia 29, não ocorreu um confronto em Curitiba, mas sim um massacre.
Massacre porque os professores, munidos apenas do seu direito à livre manifestação e cumprindo o seu dever cívico de acompanhar os trabalhos dos deputados eleitos, tentavam impedir a aprovação de um projeto de Lei, hoje já sancionado pelo governador paranaense, que mexe em seus direitos trabalhistas e retira dinheiro do fundo de aposentadoria mantido pelos servidores para pagar a dívida do estado com os credores, ou seja, banqueiros. Interessados em manifestar suas posições, os docentes estavam organizados para tentar influenciar, legitimamente, pelo poder popular, a votação na Assembleia Legislativa. Do outro lado, encontrava-se um Batalhão do Choque da PM, munidos de armas, defendendo os interesses do capital sob o comando de Beto Richa. As notícias oficiais informam mais de 200 feridos. Nenhum policial. Isso não é confronto.
Informes do sindicato falam em mais de 390 feridos e afirmam que mais de 90% foram atingidos da cintura para cima: cabeça, tronco, rosto e até nos olhos. Ou seja, os soldados miravam a cabeça das pessoas. Atiravam em senhores, senhoras, aposentados, professoras de mais de 20 anos na carreira pública do magistério. O ocorrido foi uma vergonha nacional, em especial por se tratar de educadores e educadoras da rede pública, aqueles que cotidianamente dedicam suas vidas aos filhos da classe trabalhadora. Essa atrocidade não pode ser naturalizada e o governo do Paraná não pode sair impune.
Nesse sentido, o PSOL protocola Representação ao Procurador Geral da República para que apure as responsabilidades penal, civil e administrativa de todos os envolvidos nos atos de violência contra os professores no Estado do Paraná, em especial do governador Beto Richa. A brutalidade precisa ser apurada e os responsáveis punidos.
O massacre foi caracterizado pelo evidente uso abusivo da força policial, com o aval do governador. A repressão ao protesto dos servidores foi um ataque à democracia, mais uma medida de criminalização dos movimentos sociais, um acontecimento digno de repúdio de toda a população, que, inclusive nas ruas, está manifestando forte apoio aos professores.
Não à toa, diversas entidades da educação (como a Associação Nacional de Pesquisa e Pós Graduação em Educação -ANPEd; a Campanha Nacional pelo Direito à Educação; Professores, Funcionários e Estudantes da USP e de diversas universidades do país, bem como o próprio Ministério da Educação) prontamente soltaram notas repudiando a ação desmedida e inescrupulosa da polícia com os docentes no sul do país. No último domingo, a rivalidade de duas torcidas de futebol na final do campeonato paranaense foi superada pela indignação, quando 25 mil torcedores unificaram o coro dizendo “Fora Beto Richa”. Nesta semana, em todo o país, professores foram trabalhar de preto em luto pelo dia sangrento que marcou a história da luta dos trabalhadores de educação. Eventos semelhantes ocorreram em outros eventos. Estamos todos estarrecidos e indignados com o que se assistiu com essa categoria tão importante para a desenvolvimento e crescimento da nação.
Nosso mandato, assim como toda a bancada do PSOLl, repudia a ação da PM. Entendemos que a ação, coordenada e não aleatória, é reflexo da política truculenta que vem sendo levado a cabo pelo governo do PSDB no Paraná. Nossa solidariedade a todos servidores em luta por direitos! Os tiros da PM do Paraná saíram pela culatra, hoje, somos todos professores!
Ivan Valente
Deputado Federal, PSOL/SP

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