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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 04, 2015

Povo vietnamita ainda sofre consequências da agressão, EUA Cometeram crimes bárbaros


guerra_vietn-1_thumb9Nos últimos dias de abril de 1975, cenas impensadas aconteciam nos céus de Saigon, hoje cidade de Ho Chi Minh. Aviões e helicópteros dos Estados Unidos da América do Norte resgatando seus soldados, acossados pelas tropas do Exército Libertador do Povo Vietnamita, composto pelos temidos guerrilheiros vietcongues e por tropas regulares do Vietnã do Norte.
Povo vietnamita ainda sofre consequências da agressão
O custo da vitória foi alto, sem dúvida. Foram 20 anos de guerra, na qual os imperialistas não respeitaram regra alguma do direito internacional. Deixaram de dois a quatro milhões de mortos, sendo metade ou mais civis de todas as idades; 11 milhões de desabrigados, florestas transformadas em deserto por 80 milhões de litros de herbicidas (os agentes laranja e azul), cujo objetivo era destruir as plantações e as selvas que protegiam os combatentes. Plantaram, ainda, em cerca de 20% do território milhares de bombas e minas. Limpar inteiramente é quase impossível, pois, segundo os especialistas, levaria 300 anos, a um custo de 10 bilhões de dólares.
Para proporcionar tanta dor a um povo, os EUA gastaram 200 bilhões de dólares e enviaram 550 mil soldados; em seu apoio, mandaram também soldados para combater o povo do Vietnã os seguintes países: Coreia do Sul, Tailândia, Austrália, Filipinas e Nova Zelândia. Os invasores registram perda de 58 mil soldados.
Os invasores já recuperaram suas perdas, pois continuam sugando outros povos, explorando suas riquezas e matando outras milhares de pessoas.  Mas o povo vietnamita prossegue sendo vítima dos venenos e bombas imperialistas. Crianças confundem bombas com brinquedos, camponeses são atingidos por explosões ao trabalharem nas roças. As consequências para a saúde dos venenos lançados sobre matas e rios continuam sérias: altas taxas de câncer, doenças de pele, alergias, distúrbios digestivos, crianças que nascem com síndrome de Down em índices acima do normal, com paralisia cerebral, face desfigurada, membros defeituosos, sem falar no índice incomum de abortos espontâneos.  Calcula-se em torno de três milhões o número de pessoas atingidas atualmente.
Cometeram crimes bárbaros
Na comemoração dos 40 anos da libertação, o primeiro-ministro Nguien Van Dung, apesar das boas relações diplomáticas e comerciais que mantém hoje com os EUA, não colocou panos quentes: “Cometeram crimes bárbaros, provocaram perdas incomensuráveis e muita dor à população do nosso país”. Relembrando a longa luta de libertação, disse que a vitória foi possível graças “ao fervoroso patriotismo, à brilhante e criativa direção do Partido Comunista”.
Sem medo de errar, podemos acrescentar, graças também ao apoio dado pelo bloco socialista (União Soviética e China), pela mobilização dos povos de todo o planeta, inclusive dentro dos próprios EUA em favor da Paz.
Ho Chi Minh, o Pai da Independência
Quanto à inegável e brilhante direção do Partido Comunista do Vietnã, embora sem culto à personalidade, é importante destacar o gênio da diplomacia e de estrategista militar do líder camponês Ho Chi Minh (leia A Verdade, nº 57), que, sem frequentar nenhuma Escola Militar, encontra-se no mesmo nível dos maiores estrategistas militares da História. Sua genialidade foi saber recolher, sintetizar, organizar e devolver ao povo combatente suas estratégias e táticas, que foram responsáveis pela expulsão dos imperialistas franceses, que, antes dos estadunidenses, haviam ocupado a Indochina (Vietnã, Laos e Camboja), em 1883. Sua expulsão se deu apenas durante a Segunda Guerra Mundial (1941-1945). Foi ao final desta que o Vietnã foi dividido, como consequência da Guerra Fria que se instalou entre o império capitalista e os países socialistas. O Norte ficou com o regime socialista, e o Sul com o capitalista, com promessa de reunificação dois anos depois. Descumprido o acordo, iniciou-se a Guerra Popular de Libertação, que teria sido vitoriosa rapidamente, não fosse a intervenção imperialista.
Imprescindível
Embora não tenha avançado na construção do socialismo, por razões que não tratarei neste artigo, o Vietnã é uma das maiores provas de que um povo consciente, unido e com uma direção revolucionária, é invencível. Por menor que seja, não fica isolado (Cuba é outro exemplo), e isola os agressores. Por conta da inferioridade militar, sofre danos pesados, mas, no final, é vencedor e segue reconstruindo  rapidamente seu país.
Os imperialistas não aprenderam a lição, pois retomaram o ciclo de agressão e destruição de qualquer país que ouse romper com a subordinação e dependência e assegurar sua autonomia, mesmo sem mudar o sistema capitalista.
Para os povos livres ou que queiram conquistar sua independência, é imprescindível aprender com o exemplo do Vietnã.
José Levino, Pernambuco
*A Verdade

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