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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, outubro 22, 2015

a visita surpresa de Assad a Moscou,


O presidente da Rússia, Vladimir Putin, encontra o presidente da Síria, Bashar Assad, no Kremlin

Especialistas: visita de Assad a Moscou atesta a legitimidade da ofensiva russa na Síria

© Sputnik/ Alexei Druzhini

Especialistas e analistas políticos de diversos países comentaram, a pedido do Sputnik, a visita surpresa de Assad a Moscou, realizada na terça-feira à noite, onde este se reuniu com seu colega russo, Vladimir Putin. Para a maioria a reunião dos dois líderes simboliza a possibilidade de encaminhar a crise Síria para uma solução política.

O analista político iraniano e professor de relações internacionais, Abbas Gharaagashli, disse que a Rússia demonstra apreço pelos laços históricos com a Síria. “A visita de Bashar Assad a Moscou e o seu encontro com Vladimir Putin testemunham em favor da legitimidade de todas as ações da Rússia na Síria, pois estas foram acordadas diretamente com o governo legítimo sírio. Por isso a cooperação russo-síria é tão eficiente”. 
O jornalista Manuel Ochsenreiter, editor-chefe da revista mensal alemã Zuerst, que vem cobrindo a crise na Síria, concorda com seu colega iraniano. “O encontro simboliza a enorme diferença entre a operação russa na Síria e a americana. A operação americana não coopera com o governo da Síria. Ao contrário. A coalizão de 60 países, liderada por EUA e sob pretexto de combate ao Estado Islâmico, está contra o governo da Síria. O seu objetivo é a derrubada do governo de Bashar Assad. Já o Vladimir Putin provou estar apoiando o governo sírio em seu combate ao terrorismo”.  
Igor Morozov, especialista em relações econômicas internacionais e membro do Conselho da Federação da Rússia para assuntos internacionais, aposta na continuidade do processo de negociação para uma solução política da crise. “Eu penso ser necessário dar continuidade ao processo de negociação com as forças da oposição, no que o Ministério das Relações Exteriores da Rússia está empenhado agora. Esse é o caminho mais certo. O sucesso decisivo será alcançado somente durante as negociações entre todas as partes políticas, incluindo o governo de Bashar Assad, bem como com a participação de mediadores internacionais, com a Rússia em primeiro lugar, países da União Europeia e EUA. Sem dúvida, todos os países vizinhos da Síria e que participam da coalizão militar russa também devem participar desse processo político”.
O cientista político turco, Hasan Selim Оzertem, do International Strategic Research Organisation (USAK), destacou a importância do encontro de Assad com Putin para o processo de diálogo político com os opositores. “É digno de atenção que o primeiro encontro da Assad fora da Síria aconteceu justamente com Putin. Isso reflete toda a importância do papel da Rússia no período de transição síria. O bloco de opositores ao Assad começou a discutir a possibilidade da participação de Assad no processo de normalização na Síria e do processo de transição. Segundo a informação disponível, a posição das partes sobre esse tema caminha para uma aproximação. Pelo menos, não se nota mais uma oposição radical à participação de Assad no processo político. Existem dois fatores principais que fortalecem as posições de Assad. Um deles é a vantagem obtida pelo presidente sírio frente à oposição graças ao apoio da Rússia.  O segundo fator seria o apoio de Moscou no âmbito da estratégia comum da Rússia e da Síria, que foi determinada durante o encontro de Putin e Assad, e que será futuramente desenvolvida durante as negociações sobre a normalização na Síria”.
O embaixador da Síria em Moscou, Riad Haddad, também comentou a visita de Assad a Moscou e disse não haver motivo para surpresa. “Não é de surpreender a visita do presidente da Síria à Rússia, pois o contato de Bashar Assad com Vladimir Putin não cessou desde o início da crise no país. Esta visita “coroou” a cooperação estratégica entre os dois países. Deve ser destacado o fato dessa visita ocorrer com o pano de fundo de uma guerra muito difícil para o nosso país, que dura há mais de 4 anos. Essa visita é dedicada às questões de combate ao terrorismo, para sua eliminação e para evitar que se expanda na Síria e na região”.
“A coalizão formada contra o terrorismo é uma força eficiente e verdadeira. Por isso, todos aqueles que são contra o terrorismo devem se juntar à coalizão e empreender esforços para fortalecer a Rússia e a Síria. A cooperação é aberta tanto no nível regional, quanto mundial. Todas as partes, que realmente desejam combater o terrorismo, são bem vindas”, disse o diplomata sírio.
Sobre os países da coalizão liderada pelos EUA, Haddad foi categórico: “ Gostaríamos muito que esses países escolhessem o caminho certo e parassem de apoiar os grupos [terroristas]. Turquia deve fechar suas fronteiras, já a Arábia Saudita deve parar de apoiar grupos terroristas armados. A Jordânia deve seguir as decisões internacionais. Se todos os países seguirem as decisões internacionais, poderemos de fato falar que um esforço internacional está sendo feito para combater o terrorismo”, concluiu.
A Rússia lançou a sua operação aérea contra grupos terroristas na Síria em 30 de setembro. Desde então, as Forças Armadas da Síria iniciaram uma série de ofensivas contra militantes do Estado Islâmico e outras organizações extremistas. Durante as negociações, Assad disse que qualquer ação militar também pressupõe medidas políticas adicionais para resolver a crise síria.


Leia mais: http://br.sputniknews.com/opiniao/20151021/2503553/Visita-de-Assad-atesta-legitimidade-da-ofensiva-russa-na-Siria.html#ixzz3pJRsI0Ru

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