Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, outubro 21, 2015

Entre os carrascos do Estado Islâmico há muitos alemães

Cristãos egípcios e carrascos do Estado Islâmico antes duma execução, 15 de fevereiro de 2015

Entre os carrascos do Estado Islâmico  muitos alemães

© REUTERS/ Social media via Reuters TV


Um antigo militante do Estado Islâmico disse que muitos alemães pertencem a um grupo especial do Estado Islâmico e praticam torturas de forma regular.

Jihadistas de origem alemã são agentes do serviço secreto do Estado Islâmico. As suas funções principais são torturar os prisioneiros detidos pelos militantes do Estado Islâmico. As informações foram divulgadas pelos jornais alemães Süddeutscher Zeitung, NDR e WDR citando Nils D., antigo militante do grupo terrorista. Alguns meses atrás um dos prisioneiros alemães libertados também confirmou que entre os carrascos do Estado Islâmico há alemães.
Nils D. é um cidadão alemão que morava na cidade de Dinslaken, no estado da Renânia do Norte-Vestfália, no noroeste da Alemanha. Depois viajou para a Síria e se encontrou em Manbij como um dos membros do Estado Islâmico. Passou 13 meses na Síria, 8 dos quais na subdivisão nomeada Equipa de Assalto. O objetivo principal desta equipa era deter desertores e os que desistiam de combater ao lado do Estado Islâmico. Além disso, Nils D. foi envolvido nos trabalhos numa das prisões do Estado Islâmico. Segundo disse, esteve presente em 10-15 detenções. Torturas eram práticas habituais e aplicadas de forma quotidiana. Os prisioneiros eram torturados até que confessassem.
Os 20 interrogatórios que foram realizados pela Alemanha dão uma imagem clara das repressões que ocorrem no Estado Islâmico. Segundo Nils D., havia uma “praça de execuções” permanente em que pessoas eram decapitadas e fuziladas. Uma vez, o antigo militante foi testemunha duma crucificação. Também viu como executavam um comandante dos terroristas, para exemplo dos outros. Outros militantes que conseguiram fugir do Estado Islâmico e organizações de direitos humanos na Síria dão informações semelhantes.  
O próprio Nils D. nega ter feito parte das torturas e execuções. Segundo as informações comunicadas pelo antigo militante, somente guardava os denunciadores após detenções e na prisão preparava os grupos de prisioneiros que faziam a limpeza. Todavia, uma das fotos tiradas com o seu celular mostra-o apontando armas à cabeça de um prisioneiro.
Os militantes que fazem parte da Equipa de Assalto estão sempre mascarados. Ganham mais do que os outros militantes. Além disso, lucraram muito com a conquista da cidade de Mossul. Segundo Nils D., servir no serviço secreto do Estado Islâmico é um privilégio. No fim de 2014 ele retornou para a Alemanha e contou sobre a sua estadia na Síria a um correligionário. Toda a conversa foi escutada pela polícia alemã e Nils D. foi detido.
Em janeiro será realizado um processo judicial para decidir o seu destino no Tribunal Supremo do estado de a Renânia do Norte-Vestfália. Como testemunhou contra muitos militantes do Estado Islâmico de origem alemã será testemunha num outro processo contra os três sírios da cidade de Wolfsburg que são suspeitos de cometer ações terroristas.


Leia mais: http://br.sputniknews.com/mundo/20151021/2498130/Estado-Islamico-Alemanha-militantes-tortura.html#ixzz3pEZaU3G0

Nenhum comentário:

Postar um comentário