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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 02, 2015

Juíza aceita ação contra Richa por pancadaria em professores

parana

A  juíza Patrícia Gomes Bergonse, da 5ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, aceitou a ação proposta pelo Ministério Público contra o governador Beto Richa por improbidade administrativa pelo espancamento de professores no Paraná, no final de abril, noticia a Folha.

O argumento é a violação  do”direito fundamental de livre manifestação e de reunião, violando, assim, princípios da administração pública” e, junto com Richa, foram tornados réus o deputado federal  Fernando Francischini (SD) e o Coronel PM Cesar Vinicius Kogut, à época Secretário de Segurança e Comandante da Polícia Militar. Outros três coronéis da PM também figuram na ação.

Segundo a Folha,  o Ministério Público sustenta que  Richa deu “respaldo político, institucional e administrativo” à operação e se omitiu ao não prevenir ou impedir que os manifestantes, a maioria professores em greve, saíssem feridos.

Há controvérsias jurídicas se, em caso de crime de improbidade administrativa os governadores podem responder em primeira instância – e não gozarem de foro especial no Superior Tribunal de Justiça, mas mesmo com recurso, o processo apenas muda de lugar.

Mas, que eu me recorde, é a primeira vez que um governador é pessoalmente responsabilizado por excessos em ações da polícia contra manifestantes, tornando-o corresponsável pelas ações dos policiais que envia para reprimi-las.

E, neste caso, um confronto que resultou não em dois ou três, mas em nada menos que 200 pessoas, fica evidente que a responsabilidade não se resume à do soldado ou do tenente que executam a ordem. Não é um caso de violência individual durante uma ação de segurança pública, mas da licença da alta administração para o emprego indevido e abusivo de força.

Não é provável que a ação prospere, porque, afinal, Richa é tucano, algo convertido em “privilégio judicial” por aquelas e outras bandas.

Mas será interessante, mesmo que se interrompa depois, fazer com que o governador explique, detalhada e formalmente, que tipo de ordens são dadas aos policiais para que ajam com os níveis de brutalidade registrados ali.
*tijolaco

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