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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, outubro 20, 2015

Filósofo e educador Mario Sergio Cortella recebe título de Cidadão Paulistano

Sessão Solene ocorreu na noite desta segunda,19, na Câmara Municipal e foi precedida por palestra do homenageado
Por Elineudo Meira, para o Portal Linha Direta

Na noite desta segunda-feira (19), a Câmara Municipal de São Paulo entregou o titulo de cidadão paulistano ao educador e filósofo, Mário Sérgio Cortella. Com plenário lotado, o ato contou com a presença de lideranças políticas, ativistas da educação, amigos e familiares.

Autor do projeto que culminou na homenagem, o vereador Alfredo Alves Cavalcante, o Alfredinho, disse em sua explanação que Cortella é importante para a educação, não somente paulistana, mas sobretudo do país. “A homenagem é justa a alguém que fez muito, não só pela cidade de São Paulo, mas a educação do país”, disse o vereador propositor.

Com mais de 17 livros publicados, Cortella já ocupou o cargo de Secretário Municipal de Educação da cidade de São Paulo entre 1991 e 1992.

Em sua fala, o filosofo ressaltou sua dedicação pela cidade de São Paulo e demonstrou o desejo de repartir a homenagem aos amigos, alunos e a sua família que ali estavam. “Tenho, sim, me dedicado a está cidade e sou por ela acolhido e esse acolhimento irá representar aqui. Acho que juntos, outros homens e mulheres, que não nascemos em São Paulo, como a professora Lisete que é de Campinas e sem dúvida, quando a gente ganha essa homenagem. Eu a reparto sem nenhum tipo de demagogia. Nessa repartição fico feliz com a minha família aqui estar, pessoas que tiveram comigo a possibilidade de serem os meus orientandos”.

Afinal de sua fala, Cortella citou a fala de Alfredinho e lembrou de sua trajetória simples e humilde. Ao evocar o educador Paulo Freire, o homenageado se emocionou. “Eu gosto de muita emoções e as falas de Lisete, do Bruno e do Giba me emocionaram bastante, mas o que mais emocionou foi lembrar a tua atitude, de uma humildade que a gente não acha necessária, no sentido que você a até dobrou o ombro na hora que falou. Eu fiquei imaginando e foi exatamente pra isso que Paulo Freire fez o que fez. Essa cidade mereceu Paulo Freire e Paulo Freire mereceu essa cidade, que se vivo tivesse, 19 de setembro, faria 94 anos (...) Eu acho que esse é o único momento que o cabra macho se emociona. Você conta que vem do Piauí, mas eu não posso não me emocionar de ver alguém que percorrer a sua trajetória e discursar como um vereador da cidade de São Paulo (...) Se um dia fosse vereador de São Paulo, eu ia te oferecer um titulo de cidadão paulistano”, destacou.

Presente na cerimonia, a professora titular do Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação da FEUSP, Lisete Arelaro, reconheceu o mérito da homenagem ao filosofo.“Ele faz jus, portanto, ao prémio e ao reconhecimento que hoje aqui recebe. Parabéns, Mario. É um privilégio para mim e para essa plateia que estou junto aqui prestando essa homenagem a você. Eu iria terminar citando Paulo Freire por que sempre eu o fiz, mas hoje resolvi mudar, o momento é um pouco radical, então fui buscar em Che Guevara a frase: ‘Lutam melhor os que têm belos sonhos’”, concluiu a professora.

Breno Cortella representou a família do homenageado. O vereador de Araras, no interior de São Paulo, ressaltou o cuidado que seu tio tem por tudo o que faz. "Por nos ensinar a sua marca, cuidando de todos nós e da vida coletiva. Parabéns ao mais novo cidadão paulistano. Tio Mario, nós te amamos“, destacou.

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