Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, setembro 13, 2010

Padre Eunuco ou fim do Celibato. Celibato é farsa insuportável






Igreja católica belga promete ajudar as vítimas de padres pedófilos

Bélgica: Abusos sexuais de padres levaram 13 pessoas ao suicídio

Bélgica: 475 vítimas de pedofilia pedem indemnizações à Igreja

Perto de meio milhar de vítimas de pedofilia, crimes cometidos por padres belgas que já prescreveram, pediram indemnizações à Igreja Católica. Treze das vítimas suicidaram-se.


As vítimas dos padres belgas acusados de pedofilia, meio milhar de acordo com o relatório conhecido sexta-feira, pediram indemnizações à Igreja Católica.

O advogado de 30 das vítimas, Walter Van Steenbrugge, declarou que os seus clientes procuram justiça pela via civil dado que a maioria dos delitos prescreveram uma vez que os factos aconteceram nos anos 60, 70 e 80.

"As vítimas têm direito ao reconhecimento (dos crimes) e a serem compensadas", disse o advogado ao canal belga RTBF.

Conclusões da investigação


Na passada sexta-feira foram apresentadas as conclusões da comissão que investigou os abusos sexuais no seio da Igreja belga, dirigida pelo pedopsiquiatra Peter Andriassen, revelando que 475 crianças sofreram abusos e 13 dessas se suicidaram.

Ao longo de 200 páginas sucedem-se testemunhos de antigos alunos internados em colégios religiosos que foram vítimas de abusos e que denunciaram uma lei de silêncio na cúpula da hierarquia eclesiástica, que conheceria os casos.

Dois dias depois da apresentação das conclusões, o cardeal belga Godfried Danneels disse sentir-se "chocado" com o acontecido, numa das poucas reações da Igreja belga.

"O caso Dutroux da Igreja"


A dimensão dos abusos levou mesmo Andriassen a afirmar que este é "o caso Dutroux da Igreja", em referência ao assassino e pedófilo belga Marc Dutroux.

No sábado foi conhecido que o antigo bispo da cidade belga de Bruges, Roger Vangheluwe, pediu a reforma da sua antiga diocese.

Vangheluwe foi o primeiro religioso a ser demitido do cargo na sequência do escândalo de pedofilia, depois de ter sido conhecido que abusou de crianças na sequência do escândalo que desde novembro de 2009 abalou a Igreja Católica belga.

Num comunicado, o antigo bispo, de 73 anos, afirmou que está a deixar a comunidade de Westvleteren, onde encontrou refúgio nos últimos meses, para se retirar para "outro lugar, fora da diocese de Bruges".

O antigo bispo de Bruges exprimiu novamente o seu arrependimento e pediu desculpas à sua vítima e à família. "A minha tristeza tem aumentado desde que vi o mal causado pelos seus atos", afirmou.


Por Redacção

Uma comissão incumbida de investigar a pedofilia na Igreja Católica belga divulgou, esta sexta-feira, que pelo menos 13 pessoas se suicidaram depois de terem sido abusadas por padres.

A comissão, que recolheu testemunhos de 475 pessoas abusadas e de familiares, avança que foram referidos 13 suicídios que terão «relação com o abuso sexual» por parte de um clérigo.

André-Joseph Léonard, primaz da Bélgica, em coletiva de imprensa


BRUXELAS — A Igreja católica belga, abalada por um escândalo de pedofilia sem precedentes, comprometeu-se esta segunda-feira a dar mais atenção às vítimas, após a publicação de um relatório com mais de uma centena de testemunhos de abuso sexual de menores nos últimos 50 anos, que o papa Bento XVI disse terem lhe causado "dor".

"Queremos nos comprometer com as vítimas, e ajudá-las ao máximo", declarou à imprensa o primaz da Bélgica, André-Joseph Léonard, admitindo que a crise desatada por esses casos é profunda dentro da Igreja.

"Temos que ouvir suas perguntas para restabelecer sua dignidade, e ajudá-las a superar a dor que tanto sofreram", acrescentou.

Monsenhor Léonard também reiterou seu apelo para que os culpados confessem seu pecado, admitindo que os pedidos anteriores neste sentido não foram ouvidos.

"Dos erros do passado queremos tirar as lições necessárias", insistiu.

O relatório da "Comissão para o tratamento de queixas de abusos sexuais em uma relação pastoral", criada pela Igreja, mas dirigida por um psiquiatra independente, Peter Adriaenssen, revelou ter recebido, entre janeiro e junho de 2010, cerca de 500 queixa por parte de vítimas.

O professor Adriaenssen também anunciou que 13 pessoas cometeram suicídio.

"Naturalmente o Papa sente muita dor" com a publicação deste relatório, declarou o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, à emissora de TV belga RTL-TVI.

O documento "revela, uma vez mais, o imenso sofrimento das vítimas e dá maior consciência da gravidade destes crimes", acrescentou Lombardi.

A Igreja belga assegurou nesta segunda-feira que estuda a criação de um "centro de reconhecimento, reconciliação e cura", mas que os detalhes ainda não estão definidos. "Esperamos que esse centro seja aberto até o Natal", explicou Johan Bonny, bispo da Antuérpia.

A associação Direitos Humanos da Igreja, que reúne vítimas de abusos sexuais cometidos por sacerdotes, declarou-se decepcionada com a falta de independência deste organismo.

"Não pode haver uma comissão de investigação de crimes cometidos em uma instituição que seja controlada por esta mesma instituição", queixou-se seu porta-voz, Lieve Halsberghe.

Depois dos escândalos que atingiram as Igrejas alemã, irlandesa e americana, entre outras, uma chuva de queixas inundou a Bélgica depois da demissão, em 23 de abril, do bispo de Bruges, Roger Vangheluwe, que admitiu ter abusado sexualmente de seu sobrinho menor de idade entre 1973 e 1986.

Roger Vangheluwe anunciou no domingo sua aposentadoria fora de sua antiga diocese, apesar de inúmeras pessoas defenderem que fosse passado para estado laico.

Indagado sobre o futuro de Roger Vangheluwe, Léonard disse que corresponde a Roma decidir isso. "O procedimento seguirá como previsto. A nunciatura nos assegurou que num prazo razoável Roma tomará esta decisão", afirmou.

O escândalo de pedofilia criou um trauma em todo o país, onde as revelações se sucedem.

Um religioso flamenco pedófilo, Eric Dejaeger, disse que vai se entregar em breve à justiça do Canadá, onde é alvo de queixas por parte de vítimas de abusos sexuais, segundo a imprensa belga.

O homem, de 63 anos, atuou como missionário no Canadá nos anos 1970 para converter a população inuit ao cristianismo. Foi condenado em 5 de abril de 1990 a cinco anos de prisão nesse país pelo estupro de oito meninos, antes de ser colocado em liberdade ao final de 18 meses.

No entanto, em 1995, foi alvo de novas queixas, o que o fez voltar à Bélgica, onde reside desde 2009. A justiça belga indicou, no entanto, que precisa de um pedido de extradição do Canadá para entregá-lo a este país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário