Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, dezembro 21, 2011

Pescoço do Gilmar não se livrou da corda

Respeitado advogado de Brasília, da OAB nacional (não é o Ophir, esconjuro !), procurou o deputado Protógenes Queiroz para chamar a atenção para um fato que, não vivêssemos numa sub-democracia, estaria nas manchetes de todos os jornais.

Trata-se do seguinte: o pescoço do Gilmar Dantas (*) ainda não se livrou da corda !

Como se sabe, o bravo advogado Dr Alberto Piovesan entrou no Senado com uma ação para pedir investigação sobre as relações – no mínimo – promíscuas  do ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo com um dos 5005 advogados de Daniel Dantas (o banqueiro condenado a dez anos).

Trata-se do advogado Sérgio Bermudes, cujo escritório emprega a mulher do ex-Supremo e o filho do Dr Macabu, aquele que, provisoriamente, sepultou a Satiagraha no STJ.

Clique aqui para ler “Maia vai criar a CPI às 12h desta quarta– feira”.

A ação de Piovesan, na verdade, corresponde a um B.O.

Aparentemente, o Dr Piovesan parecia ter morrido na praia.

O Presidente do Senado, José Sarney, cujo filho Fernando está pendurado na Justiça e na Polícia Federal, numa corda bambíssima, de pronto, mandou arquivar o pedido do Dr Piovesan.

Foi o erro número um nessa dramática narrativa.

“Dramática”, porque, jamais, na História do Supremo, se ouviu falar de um pedido de impeachment de um membro da Suprema Corte.

Piovesan recorreu e o ministro Mello, o Marco Aurélio que apunhalou pelas costas a Ministra Eliana Calmon e fechou o CNJ nas férias, o Ministro Melo arquivou o pedido do Dr Piovesan.

Erro dramático número 2.

O Dr Piovesan voltou ao Supremo com um mandado de segurança para ajeitar a corda no pescoço do ex-Supremo Presidente, nesta temporada natalina.

Primeiro, Piovesan quer submeter a questão, de novo, ao plenário do STF, já que na sessão em que Melo decidiu não havia o quorum regimental minimo.

Foi, digamos, se se pode usar uma metáfora futebolística, uma decisão no tapetão.

O segundo ponto do argumento do Dr Piovesan nesse retorno ao Supremo é que o Ministerio Público não foi ouvido.

A questão está nas mãos do Ministro Lewandovisky.

Caberá a ele a alta tarefa de trazer a questão de volta ao plenário e perguntar ao Ministerio Público o que acha dos argumentos do Dr Piovesan.

Um Ministro do Supremo deve ser o anfitrião da festa do advogado de Dantas e receber os convidados na porta ?

Hospedar-se no apartamento do advogado de Dantas overlooking the Central Park ?

Andar na Mercedes do advogado de Dantas ?

Hein, dr Gurgel ?

Portanto, a corda continua a rondar o pescoço do ex-Supremo.

O reputado advogado que visitou o deputado Protógenes informou também que o deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) fez pronunciamento no grande expediente da Câmara e mandou publicar a ação do Dr Piovesan nos anais do Congresso.

Portanto, Gilmar Dantas (*) e Sergio Bermudes estão, para sempre,  inscritos na História do Congresso.

O ansioso blogueiro soube, também, que um outro deputado federal, de renomada reputação, decidiu investigar os motivos e a natureza da denúncia de Gilmar Dantas à Policia Federal: o ex-Supremo mandou investigar a vida do Dr Piovesan.

O nobre deputado quer entender melhor o funcionamento e a lógica dessa denúncia.

O ansioso blogueiro, também.

Lamentavelmente, o ex-Supremo não vai poder passar um Fim de Ano em paz.

Esse Dr Piovesan …


Paulo Henrique Amorim

Nenhum comentário:

Postar um comentário