As Malvinas
Via Diario Liberdade
Laerte Braga
A
decadência do Império Britânico e sua transformação gradual – hoje está
consumada – em principal colônia norte-americana na Europa faz com que a
ocupação das Ilhas Malvinas (território argentino) seja um trunfo para
uma extinta nação, onde, num dia qualquer, há séculos passados, se dizia
que “o sol não se põe”.
A perspectiva de um
referendum sobre a plena independência escocesa, que abala e enfraquece
mais ainda o governo de Londres, encontra guarida na tentativa de fazer
ressurgir o nacionalismo de uma ilha que afunda contemplando os chapéus
coloridos de sua majestade a rainha Elizabeth II e as travessuras
militares (para inglês ver) do príncipe Willians.
Nesse castelo sombrio e cheio de fantasmas o herdeiro do trono, o príncipe Charles é só um tampax e nada, além disso.
As
Ilhas Malvinas estão ocupadas desde 1883 e já àquela época a Argentina
denunciou ao mundo a posse ilegal mantida pelos britânicos.
A
Guerra das Malvinas, como ficou conhecida, aconteceu entre abril e
junho de 1982. De lá para cá tem sido intensificada a presença militar
da colônia norte-americana na região (rica em petróleo) e hoje não há
dúvidas que bases militares nas Malvinas guardam armas nucleares para
“qualquer emergência” não só em relação a Argentina, mas a toda a
América do Sul.
Leopoldo Galtieri era o general
de plantão na ditadura militar argentina e diante da forte reação
popular ao regime decidiu recuperar as ilhas sabendo das dificuldades
militares, mas esperando receber apoio dos países vizinhos,
principalmente o Brasil (também uma ditadura militar) e neutralidade do
governo dos EUA. Reagan era o presidente norte-americano.
Nem
uma coisa nem outra. Os militares brasileiros – o ditador era
Figueiredo – foram pressionados pelos EUA, ficaram nem lá e nem cá, mas
permitiram à frota inglesa que paradas para reabastecimento fossem
feitas numa ilha do litoral de nosso País, onde havia pista de pouso e
outras instalações adequadas a essa necessidade.
Galtieri
tentava salvar a ditadura e Margareth Teatcher enxergou no conflito a
perspectiva de reabilitar sua popularidade em baixa.
O
povo argentino pagou o preço da inconseqüência do ditador e do caráter
perverso e boçal da Grã Bretanha em seu espírito colonizador que é
secular. Hoje prova do próprio veneno, é colônia e se desintegra a olhos
vistos.
O governo Reagan foi fundamental para
os britânicos. Informações foram passadas via satélite, mísseis cedidos
às forças de sua majestade e a arma mais perigosa que os argentinos
dispunham, o míssil Exocet, neutralizado pelo fabricante francês
(comprado pelos britânicos), após mostrar que poderia inverter o
resultado final do conflito.
A posição do
governo brasileiro – João Figueiredo – foi típica de ditadores covardes,
dos pusilânimes. Se algum impulso de apoio aos argentinos surgiu num
primeiro momento, até pela reação popular, logo os comandantes
norte-americanos enquadraram os golpistas de 1964, sob comando de
Washington desde o primeiro momento, desde o governo Castelo Branco (em
breves momentos perderam esse controle, refiro-me a um período do
governo Geisel (questões envolvendo a venda de armas fabricadas pelo
Brasil a países como Iraque, Líbia, Arábia Saudita e alguns outros).
O
chanceler argentino Héctor Timerman foi à ONU – Organização das Nações
Unidas – para apresentar ao secretário geral e a outras instâncias da
Organização, dados comprovando que os britânicos guardam armas nucleares
em algumas de suas bases no arquipélago.
Timerman
esteve com o presidente do Conselho de Segurança – fantoche dos EUA –
Kodjo Mena, do Togo, com o presidente da Assembléia Geral, Nassir
Abdulazis Al-Nasser (Catar), manteve reunião com o presidente do Comitê
de Descolonização Pedro Nuñez Mosquera (Cuba) e embaixadores da Colômbia
e da Guatemala (governos aliados dos EUA) e que têm assentos não
permanentes no Conselho de Segurança.
As
denúncias de armas nucleares em bases da colônia norte-americana Grã
Bretanha nas Ilhas Malvinas foram levadas ao secretário geral da ONU. Na
prática isso significa nada. Desde que George Bush mandou o Conselho de
Segurança às favas e invadiu o Iraque sob o falso pretexto de presença
de armas químicas e biológicas, a Organização se presta apenas às pompas
à época da Assembléia Geral, ou a denúncias como essa, para que o mundo
tome conhecimento do terrorismo de Estado do complexo ISRAEL/EUA
TERRORISMO S/A.
Em entrevista à imprensa o
chanceler argentino denunciou a presença de um submarino nuclear
Vanguard, do destruidor HMS Dauntless e dos aviões Typhoon, todos armas
de última geração.
Os britânicos são
subscritores do Tratado de Tlatelolco, que transforma a América Latina
em região livre de armas nucleares, mas o fizeram com reservas, que
implicam em eximi-los de cumprir todos os itens do mesmo, possibilitando
a presença de armas de destruição em massa no arquipélago.
O
chanceler argentino revelou ainda que todo o orçamento de defesa da Grã
Bretanha sofreu cortes exceto o que diz respeito às Malvinas.
Em
crise, falida, controlada por fora e por dentro pelos EUA, a Grã
Bretanha neste momento repete jogada de Margareth Teatcher ao apelar
para o nacionalismo dos seus cidadãos e recobrar a popularidade do
governo conservador, usando as Ilhas Malvinas como pretexto. A decisão
de enviar o segundo na linha de sucessão do trono a manobras militares
na região, o príncipe Willians, reforça objetivo, além de permitir aos
célebres tablóides ingleses especializados em fofocas, de arranjar
“companheiros” para a momentânea solidão da “princesa” Kate.
A
posição de países sul-americanos como o Brasil é dúbia, No governo
neoliberal/privatista da presidente Dilma Roussef, ela fala para um
lado, em solidariedade incondicional a Argentina enquanto o chanceler
Anthony Patriot age para outro, naquele negócio de tirar o sapato e
garantir aos seus aliados (norte-americanos) que “segura o barco por
aqui”.
Conta é lógico com o apoio logístico da
mídia venal, podre e que apóia assassinatos seletivos, que dirá o saque
britânico das riquezas argentinas nas Malvinas desde 1883.
A
presença de armas nucleares em um território ocupado por colonizadores
na América do Sul é ameaça em todos os sentidos e neste momento deve
exigir dos governos da região repúdio pronto e decidido a retomada das
Malvinas pelos argentinos, assegurar a luta pela soberania argentina na
Região. Essa atitude, na América do Sul, só encontra posições claramente
definidas no discurso e na prática nos governos da Venezuela, do
Equador e da Bolívia e do Uruguai.
Náufraga e
sem tábua de salvação, a Grã Bretanha sabe que os chapéus coloridos da
rainha Elizabeth não irão salvar o antigo império da condição de colônia
norte-americana, mas os britânicos parecem resignados a isso.
A
luta pela devolução das Malvinas aos argentinos não é uma luta só dos
argentinos – governo e povo – é de todos os povos da América do Sul numa
dimensão e toda a América Latina noutra dimensão.
Acreditar
que os EUA possam ajudar a resolver o problema é acreditar em contos da
Carochinha. A Grã Bretanha é possessão norte-americana. E o máximo que
Barack Obama vai fazer, ou qualquer outro no lugar dele, é convidar os
embaixadores de ambos os países para uma rodada de cerveja na Casa
Branca pedindo paz e negociações.
É o que faz,
enquanto despeja bombas mundo afora e mata seletivamente com o
desesperado apoio de um desclassificado num reles programa de lavagem
cerebral da principal organização da mídia de mercado no Brasil.
As Malvinas são ilhas argentinas.
Uma
ação conjunta com a Argentina, endurecer relações diplomáticas,
comerciais e culturais com a Grã Bretanha é decisivo e será demonstração
de apoio claro aos argentinos.
Tem a ver com a nossa soberania também, a despeito dos aeroportos privatizados e eufemisticamente dados como concessão.
Paulo Freire banido
Via Brasil de Fato
O
secretário da educação do Arizona disse que notou que Che Guevara era
tratado como um herói, enquanto que Benjamin Franklin era considerado
racista pela turma
Silvio Mieli
O
livro Pedagogia do Oprimido, do educador brasileiro Paulo Freire, foi
banido das escolas públicas de Tucson, no estado do Arizona, sudoeste
dos Estados Unidos da América (EUA).
Seguindo a
lógica antilatina que marca as recentes decisões jurídico-políticas no
estado, agora uma lei suspendeu o currículo baseado no Programa de
Estudos Mexicanos/Americanos, que durante uma década ajudou a
conscientizar os alunos das suas raízes culturais.
Lembrando
que 10,3% da população dos EUA é composta de “chicanos” e 30% da
população da cidade de Tucson apresenta a mesma origem étnica.
Em
meados de janeiro, os livros de Paulo Freire, assim como os de
Elizabeth Martinez, Rodolfo Corky Gonzales, Arturo Rosales, Rodolfo
Acuna e Bill Bigelow foram retirados do programa e proibidos pela
Secretaria de Educação de Tucson de serem aplicados, em cumprimento à
lei estadual que considera os estudos mexicanos “doutrinadores” e
“portadores de um único ponto de vista”.
Para
justificar a medida, o secretário da educação do Arizona John Huppenthal
disse que, ao visitar uma escola em Tucson, notou que Che Guevara era
tratado como um herói, inclusive com direito a pôster numa das salas de
aula, enquanto que Benjamin Franklin era considerado racista pela turma.
Huppenthal julgou intolerável que o termo “oprimido” do livro de Paulo
Freire fosse inspirado no Manifesto Comunista de Marx e Engels, “que
considera que a inteira história da humanidade é uma batalha entre
opressores e oprimidos”, criticou o secretário.
A
suspensão do programa priva os alunos de compreenderem melhor os
fatores históricos da ocupação do território onde vivem (parte do
Arizona pertencia ao México e foi anexada pelos EUA), além de impedir o
contato de uma inteira geração com o método emancipador de Paulo Freire.
O
que não percebem os que executam a educação “bancária”, no termo usado
por Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido, é que nos próprios
“depósitos” se encontram as contradições. E, cedo ou tarde, esses
“depósitos” podem provocar um confronto com a realidade e despertar os
educandos contra a sua ”domesticação”.
Silvio Mieli é jornalista e professor universitário.
*GilsonSampaio
Sean Penn apoia Argentina na disputa pelas Malvinas
O
ATOR EXORTOU O REINO UNIDO A ADERIR A NEGOCIAÇÕES NAS NAÇÕES UNIDAS
SOBRE O ARQUIPÉLAGO, AO QUAL SE REFERIU COMO "AS ILHAS ARGENTINAS", E
DISSE QUE O MUNDO NÃO PODE TOLERAR A CONTINUIDADE DO COLONIALISMO
Brasil 247 14 de Fevereiro de 2012
247
com agências internacionais - O ator americano Sean Penn, conhecido
tanto pelos filmes quanto pelo ativismo político, assumiu publicamente o
apoio à Argentina na disputa com o Reino Unido pela soberania das ilhas
Malvinas.
Penn
se encontrou nesta segunda-feira com a presidente argentina, Cristina
Kirchner, e exortou o Reino Unido a aderir a negociações nas Nações
Unidas sobre o arquipélago, ao qual se referiu como “as ilhas Malvinas
argentinas”.
"O
foco deve ser a continuação das negociações e o diálogo entre o Reino
Unido e a Argentina e, obviamente, o mundo não pode tolerar enfoques
ridiculamente arcaicos que apostem na continuidade do colonialismo",
disse Penn na Casa Rosada depois de se reunir com a presidente Cristina
Kirchner.
O
Reino Unido afirma que não negociará a soberania das ilhas, às quais se
refere como Falklands, enquanto os habitantes do arquipélago quiserem
permanecer britânicos. O país intensificou a presença militar na região,
às vésperas do 30º aniversário da fracassada tentativa argentina de
retomar à força o controle das ilhas.
Em
uma breve declaração à imprensa, na companhia do chanceler Héctor
Timerman, o ator, que chegou a Buenos Aires por causa de sua missão
humanitária no Haiti, disse que "o compromisso tem que continuar sendo
manter as negociações para encontrar uma saída" para a disputa de
soberania pelas Malvinas, sob controle britânico desde 1833.
Penn,
ganhador de Oscars pelos filmes "Mystic River" e "Milk", é co-fundador
da ONG JP/HRO de ajuda às vítimas do terremoto que devastou o Haiti em
2010.
Em
meio a uma escalada de acusações entre os dois países, a Argentina
denunciou na semana passada na ONU uma "militarização" do Atlântico sul,
depois que o Reino Unido enviou à região um moderno destroier.
O
dia 2 de abril de 2012 marca os 30 anos da guerra que deixou 649
argentinos e 255 britânicos mortos e que acabou 74 dias depois, com a
rendição da nação sul-americana, então governada por uma ditadura
militar.
*Brasilmostraatuacara
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