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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, fevereiro 14, 2012

As Malvinas

 

 

Via Diario Liberdade
Laerte Braga
A decadência do Império Britânico e sua transformação gradual – hoje está consumada – em principal colônia norte-americana na Europa faz com que a ocupação das Ilhas Malvinas (território argentino) seja um trunfo para uma extinta nação, onde, num dia qualquer, há séculos passados, se dizia que “o sol não se põe”.
A perspectiva de um referendum sobre a plena independência escocesa, que abala e enfraquece mais ainda o governo de Londres, encontra guarida na tentativa de fazer ressurgir o nacionalismo de uma ilha que afunda contemplando os chapéus coloridos de sua majestade a rainha Elizabeth II e as travessuras militares (para inglês ver) do príncipe Willians.
Nesse castelo sombrio e cheio de fantasmas o herdeiro do trono, o príncipe Charles é só um tampax e nada, além disso.
As Ilhas Malvinas estão ocupadas desde 1883 e já àquela época a Argentina denunciou ao mundo a posse ilegal mantida pelos britânicos.
A Guerra das Malvinas, como ficou conhecida, aconteceu entre abril e junho de 1982. De lá para cá tem sido intensificada a presença militar da colônia norte-americana na região (rica em petróleo) e hoje não há dúvidas que bases militares nas Malvinas guardam armas nucleares para “qualquer emergência” não só em relação a Argentina, mas a toda a América do Sul.
Leopoldo Galtieri era o general de plantão na ditadura militar argentina e diante da forte reação popular ao regime decidiu recuperar as ilhas sabendo das dificuldades militares, mas esperando receber apoio dos países vizinhos, principalmente o Brasil (também uma ditadura militar) e neutralidade do governo dos EUA. Reagan era o presidente norte-americano.
Nem uma coisa nem outra. Os militares brasileiros – o ditador era Figueiredo – foram pressionados pelos EUA, ficaram nem lá e nem cá, mas permitiram à frota inglesa que paradas para reabastecimento fossem feitas numa ilha do litoral de nosso País, onde havia pista de pouso e outras instalações adequadas a essa necessidade.
Galtieri tentava salvar a ditadura e Margareth Teatcher enxergou no conflito a perspectiva de reabilitar sua popularidade em baixa.
O povo argentino pagou o preço da inconseqüência do ditador e do caráter perverso e boçal da Grã Bretanha em seu espírito colonizador que é secular. Hoje prova do próprio veneno, é colônia e se desintegra a olhos vistos.
O governo Reagan foi fundamental para os britânicos. Informações foram passadas via satélite, mísseis cedidos às forças de sua majestade e a arma mais perigosa que os argentinos dispunham, o míssil Exocet, neutralizado pelo fabricante francês (comprado pelos britânicos), após mostrar que poderia inverter o resultado final do conflito.
A posição do governo brasileiro – João Figueiredo – foi típica de ditadores covardes, dos pusilânimes. Se algum impulso de apoio aos argentinos surgiu num primeiro momento, até pela reação popular, logo os comandantes norte-americanos enquadraram os golpistas de 1964, sob comando de Washington desde o primeiro momento, desde o governo Castelo Branco (em breves momentos perderam esse controle, refiro-me a um período do governo Geisel (questões envolvendo a venda de armas fabricadas pelo Brasil a países como Iraque, Líbia, Arábia Saudita e alguns outros).
O chanceler argentino Héctor Timerman foi à ONU – Organização das Nações Unidas – para apresentar ao secretário geral e a outras instâncias da Organização, dados comprovando que os britânicos guardam armas nucleares em algumas de suas bases no arquipélago.
Timerman esteve com o presidente do Conselho de Segurança – fantoche dos EUA – Kodjo Mena, do Togo, com o presidente da Assembléia Geral, Nassir Abdulazis Al-Nasser (Catar), manteve reunião com o presidente do Comitê de Descolonização Pedro Nuñez Mosquera (Cuba) e embaixadores da Colômbia e da Guatemala (governos aliados dos EUA) e que têm assentos não permanentes no Conselho de Segurança.
As denúncias de armas nucleares em bases da colônia norte-americana Grã Bretanha nas Ilhas Malvinas foram levadas ao secretário geral da ONU. Na prática isso significa nada. Desde que George Bush mandou o Conselho de Segurança às favas e invadiu o Iraque sob o falso pretexto de presença de armas químicas e biológicas, a Organização se presta apenas às pompas à época da Assembléia Geral, ou a denúncias como essa, para que o mundo tome conhecimento do terrorismo de Estado do complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.
Em entrevista à imprensa o chanceler argentino denunciou a presença de um submarino nuclear Vanguard, do destruidor HMS Dauntless e dos aviões Typhoon, todos armas de última geração.
Os britânicos são subscritores do Tratado de Tlatelolco, que transforma a América Latina em região livre de armas nucleares, mas o fizeram com reservas, que implicam em eximi-los de cumprir todos os itens do mesmo, possibilitando a presença de armas de destruição em massa no arquipélago.
O chanceler argentino revelou ainda que todo o orçamento de defesa da Grã Bretanha sofreu cortes exceto o que diz respeito às Malvinas.
Em crise, falida, controlada por fora e por dentro pelos EUA, a Grã Bretanha neste momento repete jogada de Margareth Teatcher ao apelar para o nacionalismo dos seus cidadãos e recobrar a popularidade do governo conservador, usando as Ilhas Malvinas como pretexto. A decisão de enviar o segundo na linha de sucessão do trono a manobras militares na região, o príncipe Willians, reforça objetivo, além de permitir aos célebres tablóides ingleses especializados em fofocas, de arranjar “companheiros” para a momentânea solidão da “princesa” Kate.
A posição de países sul-americanos como o Brasil é dúbia, No governo neoliberal/privatista da presidente Dilma Roussef, ela fala para um lado, em solidariedade incondicional a Argentina enquanto o chanceler Anthony Patriot age para outro, naquele negócio de tirar o sapato e garantir aos seus aliados (norte-americanos) que “segura o barco por aqui”.
Conta é lógico com o apoio logístico da mídia venal, podre e que apóia assassinatos seletivos, que dirá o saque britânico das riquezas argentinas nas Malvinas desde 1883.
A presença de armas nucleares em um território ocupado por colonizadores na América do Sul é ameaça em todos os sentidos e neste momento deve exigir dos governos da região repúdio pronto e decidido a retomada das Malvinas pelos argentinos, assegurar a luta pela soberania argentina na Região. Essa atitude, na América do Sul, só encontra posições claramente definidas no discurso e na prática nos governos da Venezuela, do Equador e da Bolívia e do Uruguai.
Náufraga e sem tábua de salvação, a Grã Bretanha sabe que os chapéus coloridos da rainha Elizabeth não irão salvar o antigo império da condição de colônia norte-americana, mas os britânicos parecem resignados a isso.
A luta pela devolução das Malvinas aos argentinos não é uma luta só dos argentinos – governo e povo – é de todos os povos da América do Sul numa dimensão e toda a América Latina noutra dimensão.
Acreditar que os EUA possam ajudar a resolver o problema é acreditar em contos da Carochinha. A Grã Bretanha é possessão norte-americana. E o máximo que Barack Obama vai fazer, ou qualquer outro no lugar dele, é convidar os embaixadores de ambos os países para uma rodada de cerveja na Casa Branca pedindo paz e negociações.
É o que faz, enquanto despeja bombas mundo afora e mata seletivamente com o desesperado apoio de um desclassificado num reles programa de lavagem cerebral da principal organização da mídia de mercado no Brasil.
As Malvinas são ilhas argentinas.
Uma ação conjunta com a Argentina, endurecer relações diplomáticas, comerciais e culturais com a Grã Bretanha é decisivo e será demonstração de apoio claro aos argentinos.
Tem a ver com a nossa soberania também, a despeito dos aeroportos privatizados e eufemisticamente dados como concessão.

Paulo Freire banido

 

 

Via Brasil de Fato
O secretário da educação do Arizona disse que notou que Che Guevara era tratado como um herói, enquanto que Benjamin Franklin era considerado racista pela turma

Silvio Mieli
O livro Pedagogia do Oprimido, do educador brasileiro Paulo Freire, foi banido das escolas públicas de Tucson, no estado do Arizona, sudoeste dos Estados Unidos da América (EUA).
Seguindo a lógica antilatina que marca as recentes decisões jurídico-políticas no estado, agora uma lei suspendeu o currículo baseado no Programa de Estudos Mexicanos/Americanos, que durante uma década ajudou a conscientizar os alunos das suas raízes culturais.
Lembrando que 10,3% da população dos EUA é composta de “chicanos” e 30% da população da cidade de Tucson apresenta a mesma origem étnica.
Em meados de janeiro, os livros de Paulo Freire, assim como os de Elizabeth Martinez, Rodolfo Corky Gonzales, Arturo Rosales, Rodolfo Acuna e Bill Bigelow foram retirados do programa e proibidos pela Secretaria de Educação de Tucson de serem aplicados, em cumprimento à lei estadual que considera os estudos mexicanos “doutrinadores” e “portadores de um único ponto de vista”.
Para justificar a medida, o secretário da educação do Arizona John Huppenthal disse que, ao visitar uma escola em Tucson, notou que Che Guevara era tratado como um herói, inclusive com direito a pôster numa das salas de aula, enquanto que Benjamin Franklin era considerado racista pela turma. Huppenthal julgou intolerável que o termo “oprimido” do livro de Paulo Freire fosse inspirado no Manifesto Comunista de Marx e Engels, “que considera que a inteira história da humanidade é uma batalha entre opressores e oprimidos”, criticou o secretário.
A suspensão do programa priva os alunos de compreenderem melhor os fatores históricos da ocupação do território onde vivem (parte do Arizona pertencia ao México e foi anexada pelos EUA), além de impedir o contato de uma inteira geração com o método emancipador de Paulo Freire.
O que não percebem os que executam a educação “bancária”, no termo usado por Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido, é que nos próprios “depósitos” se encontram as contradições. E, cedo ou tarde, esses “depósitos” podem provocar um confronto com a realidade e despertar os educandos contra a sua ”domesticação”.
Silvio Mieli é jornalista e professor universitário.
*GilsonSampaio 

Sean Penn apoia Argentina na disputa pelas Malvinas


O ATOR EXORTOU O REINO UNIDO A ADERIR A NEGOCIAÇÕES NAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O ARQUIPÉLAGO, AO QUAL SE REFERIU COMO "AS ILHAS ARGENTINAS", E DISSE QUE O MUNDO NÃO PODE TOLERAR A CONTINUIDADE DO COLONIALISMO

Brasil 247 14 de Fevereiro de 2012

247 com agências internacionais - O ator americano Sean Penn, conhecido tanto pelos filmes quanto pelo ativismo político, assumiu publicamente o apoio à Argentina na disputa com o Reino Unido pela soberania das ilhas Malvinas.

Penn se encontrou nesta segunda-feira com a presidente argentina, Cristina Kirchner, e exortou o Reino Unido a aderir a negociações nas Nações Unidas sobre o arquipélago, ao qual se referiu como “as ilhas Malvinas argentinas”.

"O foco deve ser a continuação das negociações e o diálogo entre o Reino Unido e a Argentina e, obviamente, o mundo não pode tolerar enfoques ridiculamente arcaicos que apostem na continuidade do colonialismo", disse Penn na Casa Rosada depois de se reunir com a presidente Cristina Kirchner.

O Reino Unido afirma que não negociará a soberania das ilhas, às quais se refere como Falklands, enquanto os habitantes do arquipélago quiserem permanecer britânicos. O país intensificou a presença militar na região, às vésperas do 30º aniversário da fracassada tentativa argentina de retomar à força o controle das ilhas.

Em uma breve declaração à imprensa, na companhia do chanceler Héctor Timerman, o ator, que chegou a Buenos Aires por causa de sua missão humanitária no Haiti, disse que "o compromisso tem que continuar sendo manter as negociações para encontrar uma saída" para a disputa de soberania pelas Malvinas, sob controle britânico desde 1833.

Penn, ganhador de Oscars pelos filmes "Mystic River" e "Milk", é co-fundador da ONG JP/HRO de ajuda às vítimas do terremoto que devastou o Haiti em 2010.

Em meio a uma escalada de acusações entre os dois países, a Argentina denunciou na semana passada na ONU uma "militarização" do Atlântico sul, depois que o Reino Unido enviou à região um moderno destroier.

O dia 2 de abril de 2012 marca os 30 anos da guerra que deixou 649 argentinos e 255 britânicos mortos e que acabou 74 dias depois, com a rendição da nação sul-americana, então governada por uma ditadura militar.
*Brasilmostraatuacara

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