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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Base de Alckmin atrapalha investigação sobre Pinheirinho

image_previewO deputado estadual Ari Fossen (PSDB) utilizou-se de uma manobra nesta quarta-feira (8) para impedir que os comandantes da operação de reintegração de posse do Pinheirinho, em São José dos Campos, no interior paulista, fossem à Assembleia Legislativa explicar os abusos cometidos com famílias que ocupavam o terreno.
O requerimento pedindo a convocação do coronel da Polícia Militar Manoel Messias e de Fábio Cesnik, delegado responsável pela Delegacia Seccional de São José dos Campos, foi protocolado pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alesp, deputado Adriano Diogo (PT). Ari Fossen pediu vistas ao requerimento, excluindo-o temporariamente da pauta.
O petista questiona os comandantes sobre as razões pelas quais a reintegração foi conduzida com tamanha violência e ainda por que alguma informações, como o número de feridos, foram escondidas da população. Na próxima reunião da Comissão, marcada para terça-feira (14), os temas serão novamente inseridos na pauta.

CPI

Em paralelo aos trabalhos na Comissão de Direitos Humanos, o PT está colhendo assinaturas para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a fim de apurar os excessos cometidos pela polícia no Pinheirinho. De acordo com o deputado Marco Aurélio (PT), autor do requerimento, faltam apenas cinco parlamentares apoiarem a iniciativa para se chegar às 32 assinaturas necessárias para a instalação.
A Rede Brasil Atual noticiou nesta terça-feira (7) que o governo tem alertado sua base para não colaborar com a CPI. Marco Aurélio relatou que alguns deputados concordam com as investigações. No entanto, temem uma represália do executivo.
Entenda o caso
A decisão da juíza Marcia Loureiro que viabilizou a reintegração de posse do terreno passou por cima de liminar da Justiça Federal, que suspendia a ação de reintegração por 15 dias. Acreditava-se que um acordo estaria próximo de acontecer, uma vez que deputados estaduais, senadores e governo federal articulavam uma solução sem confrontos.
O juiz auxiliar do TJ Rodrigo Capez cassou todas as liminares impetradas pelos movimentos sociais. A ação ocorreu na madrugada de 22 de janeiro e contou com efetivo de 2 mil policiais militares, inclusive da Tropa de Choque. De acordo com o deputado estadual Marco Aurélio (PT), foram gastos aproximados R$ 103 milhões na operação. O terreno pertencia à massa falida das empresas do especulador Naji Nahas.
Por: Rede Brasil Atual
*Ocarcará

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