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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, fevereiro 04, 2012

Deputados paulistas colhem assinaturas para CPI do Pinheirinho


Os deputados estaduais do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo começaram a colher na quinta-feira (2) as assinaturas para dar início a uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso da reintegração de posse na comunidade Pinheirinho, em São José dos Campos. O deputado estadual Marco Aurélio de Souza (PT), que é da cidade vizinha – Jacareí -, anseia ser o relator da eventual comissão. São necessárias 32 assinaturas para a abertura da CPI. O pedido foi apresentado na tarde de quinta-feira.
O líder da bancada do PT, deputado estadual Enio Tatto, afirmou à Rede Brasil Atual que todos os relatos dos ex-moradores que foram ouvidos nas audiências que aconteceram em São José dos Campos, na segunda-feira (30) e na própria Casa, na quarta (1º), servirão como evidências. “Tudo vai servir de prova. Baseado em tudo isso, a gente acha que precisa apurar profundamente. Uma CPI tem poderes de convocar autoridades, de investigar a fundo”, disse. A forte presença das famílias da comunidade pesará a favor das apurações, segundo ele.

A reintegração de posse foi viabilizada no último dia 22 por meio de decisão da juíza da 6ª Vara Cível de São José dos Campos, Márcia Loureiro. Havia, porém, uma liminar da Justiça Federal que suspendia a ação por 15 dias, situação que criava um conflito de competência então pendente de decisão pelo Superior Tribunal de Justiça. O mandado judicial foi cumprido com base no argumento de que o caso deveria permanecer na esfera estadual. Parlamentares e governo federal tentavam intervir por uma solução do impasse sem confronto.
Em audiência na Assembleia Legislativa, ex-moradores e militantes de movimentos sociais chegaram a pedir o impeachment do governador Geraldo Alckmin e do prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury, ambos do PSDB, por apontarem possível estratégia conjunta para favorecer especulação imobiliária na cidade como motivo da desocupação. A ação policial, denunciada como truculenta, aconteceu sem preparação prévia de moradias aos moradores, que se dividem hoje em abrigos fornecidos pela prefeitura e aguardam o recebimento do auxílio aluguel no valor de R$ 500.
Questionado se a CPI tem como objetivo o impeachment, Tatto ressaltou que o trabalho inicial é de “investigar a fundo” a relação entre os governos paulista e de São José dos Campos nas decisões que desencadearam a reintegração de posse do terreno, assim como o suposto auxílio judiciário no esquema. “Em um primeiro momento, vamos fazer uma bela de uma apuração. Foi rompido tudo quanto é acordo e violado os direitos humanos da população”, disse.
*Cappacete

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