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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Líbia afunda na barbárie

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Agora tá do jeito que o Diabo gosta


Milícias rivais líbias travam confronto em Trípoli 
DA REUTERS, EM TRÍPOLI

Milícias rivais travaram nesta quarta-feira um tiroteio de duas horas em uma luxuosa casa de praia transformada em quartel em Trípoli, num fato que ilustra a volátil situação na Líbia depois da derrubada do regime de Muammar Gaddafi.

Um repórter da Reuters escutou disparos de armas leves e pesadas vindos do bairro de El Saadi, na orla tripolitana, região onde ficam o hotel Marriott e prédios de escritórios.

Desde a queda de Gaddafi, as milícias dividiram Trípoli e o resto da Líbia em feudos rivais, e cada uma se aferra à parcela de poder que julga ter direito.

Uma testemunha que relaxava na praia com a família (?!) disse a uma TV local que combatentes armados com baterias antiaéreas passaram em alta velocidade pela avenida litorânea e invadiram a residência murada.

"Foi um caos, os combatentes de repente chegaram em carros e começaram a atirar na casa. Famílias fugiram da praia", disse Abdul Musharim.

Um membro do Alto Comitê de Segurança do governo provisório líbio disse que o combate envolveu os milicianos de Misrata e Zintan, dois grupos que estiveram aliados na luta contra Gaddafi.
*amoralnato

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