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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Mídia reprova escola que homenageou Lula


Pela transmissão da TV Globo e pelos comentários de alguns “calunistas”, a mídia reprovou a escola de samba Gaviões da Fiel por sua homenagem ao ex-presidente Lula. Com o tema “Verás que o filho fiel não foge à luta – Lula, o retrato de uma nação”, ela foi a penúltima a desfilar na madrugada deste domingo (19) no sambódromo de São Paulo.


Por Altamiro Borges, em seu blog


Foto: France Press
. Gaviões da Fiel aposta na figura no carisma do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o “blogueiro folião” Eduardo Guimarães, o desfile foi “impecável”, emocionante, e levantou as arquibancadas. A escola abordou vários temas políticos em suas alas, como “porões da ditadura”, “voz que não se cala”, “diretas-já”, relembrando a rica trajetória do retirante nordestino, operário e líder grevista que foi eleito e reeleito presidente da República.

Para revolta do blogueiro, a TV Globo puniu a Gaviões ao anunciar a classificação das escolas segundo seus telespectadores. “Para quem assistiu ao desfile dessa e das outras escolas de São Paulo, a nota média que a Globo diz que teria sido dada pelo público foi surpreendente. A pontuação 8,6 colocou o samba-enredo e a escola que mais empolgaram o público em sétimo lugar”.

Eduardo Guimarães sugere que a Globo, que nunca morreu de amores por Lula, manipulou a “suposta” enquete para interferir na votação da escola campeã de 2012. Nas redes sociais, muitos internautas também reclamaram. Não assisti e não entendo nada do assunto. Só reparei que muitos “calunistas” da mídia não gostaram da Gaviões da Fiel antes mesmo dela pisar no sambódromo.

Colunistas da Folha temem o "mito"

Vinicius Torres Freire, da Folha, foi um dos mais ácidos na crítica. Para ele, o que a escola fez foi “bajulação do poder”, com um “samba-enredo amalucado, submisso e sem graça... Lula virou enredo da Gaviões da Fiel, de São Paulo. Foi canonizado em vida por uma escola grande, privilégio de Getúlio Vargas, que manipulava sambistas, foi ditador e esteve no poder por quase 20 anos”.

Na mesma linha, Josias de Souza, “carona” de FHC que escreve no UOL, do mesmo grupo Folha, afirmou que “desfile da Gaviões ajuda a sacralizar o mito Lula”. Para ele, isto é um perigo. “Dedicada a qualquer outro político, a sacralização carnavalesca seria tachada de demagogia. Oferecida a Lula, funciona como beatificação do mito. Isso dá ideia do inimigo que seus antagonistas têm pela frente”. Sua maior preocupação não é com as escolas de samba, mas sim com o resultado das eleições de outubro próximo.

Que tal uma homenagem ao "doutor Frias"?ou ao cerra ou ao fhc

Já que acham que desfile de Carnaval “sacraliza mitos”, os dois jornalistas da Folha poderiam sugerir a alguma escola que faça uma homenagem a Octávio Frias Filho, seu ex-patrão. Seria muito educativo, com as alas “apoio ao golpe”, “generais linha dura” e “torturas na Oban”. O carro-alegórico poderia representar as peruas da Folha que levavam presos políticos para a tortura.

*Amoralnato 

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