Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, fevereiro 02, 2012
Pinheirinho: greve de fome em frente à Globo
O Conversa Afiada aceita sugestão do amigo navegante Leandro :
Paulo Henrique, bom dia! Estava
vendo a sua publicação à respeito do Nahas e Teófilo e, nos comentários,
surgiu este vídeo enviado pelo amigo navegante Carlos Senna que mostra
um jovem que está fazendo greve de fome devido ao silêncio do PiG em
relação ao massacre ocorrido em Pinheirinho. Se possível, dedique uma
publicação a este jovem. É de extrema importância que movimentos assim
sejam mostrados.
Grande abraço!
Leandro Scott
Em tempo: o Conversa Afiada publica e-mail do amigo navegante Donizeti:
Prezado Paulo Henrique Amorimm – Conversa Afiada
Segue
no arquivo anexo notícia que existe uma nova desocupação de moradores a
ser feita pela PM paulista dia 06 de Março, na Favela Savoy, localizada
na vizinha cidade de Carapicuiba, na grande São Paulo.
O caso tem muita semelhança com o Pinheirinho, pois são cerca de 5.000 famílias morando numa área de cerca de 300 mil m².
Tem
que divulgar esse fato e alertar todas as autoridades( municipal,
estadual e federal) que busquem uma solução decente e civilizada para
mais esse grave caso social, para que não fiquemos mais uma vêz
lamentando o sofrimento dessa gente carente que não tem outro lugar para
morar.
Em 35 dias, favela do Savoy, em Carapicuíba, será desocupada por polícia militar cumprindo ordem judicial
JUCA GUIMARÃES
A definição de pobreza ganha
cores fortes numa das favelas mais carentes de um dos municípios mais
pobres da Grande São Paulo. No próximo dia 6 de março, os cerca de
cinco mil moradores que constituem as cinco mil famílias da favela do
Savoy, em Carapicuíba, irão perder o lugar onde moram. A Polícia Militar
fará uma ação de reintegração de posse no terreno de 300 mil m² onde
fica a favela do Savoy desde 2003, mesmo ano em que começou a invasão da
favela do Pinheirinho, em São José dos Campos, que também foi
desocupada no último dia 22 pela PM e pela guarda municipal numa
operação que mais pareceu uma praça de guerra e recebeu críticas até da
presidente Dilma Rousseff.
Caminhar pelas vielas da Savoy
requer equilíbrio e atenção redobrada. O terreno de terra batida é
irregular e íngreme. Ratos, entulho e esgosto a céu aberto estreitam
ainda mais o caminho. Porém, foi a única opção que as famílias
encontraram para escapar do aluguel.
stória do início da favela ainda
está fresca na memória dos moradores. “Aqui era uma mata fechada.
Aconteciam estupros e era muito perigoso. Os moradores das favelas
vizinhas que moravam de aluguel se uniram e invadiram. Foram semanas
limpando o terreno removendo a terra. Até as crianças ajudaram”,
contou a recepcionista Nilda dos Santos, 38 anos.
A Savoy Imobiliária
Construtora administra o terreno e entrou na Justiça pela reintegração
de posse. Desde 2005, em nome dos herdeiros do terreno, a Savoy tenta a
desocupação da favela que ganhou o mesmo da empresa. “Não se pode
ignorar a lei para reconhecer um direito. Entendo que as pessoas têm o
direito à moradia, porém elas devem pleitear isto junto ao poder público
e não invadir uma área privada”, disse Otávio Caetano, advogado da
Savoy.
fim do sonho /No último dia 25,
os moradores da favela receberam a notificação da PM sobre a
reintegração, marcada para começar às 6h de uma terça-feira. “A minha
mulher não consegue mais dormir. Ela passa o tempo todo apreensiva
contando os dias e as horas para a destruição de todos os nossos
sonhos”, disse o auxiliar de limpeza Renildo da Silva, 54 anos. Há
cinco na favela.
*PHA
O ativista Pedro Rios Leão, desde domingo, se algemou na calçada em frente à TV Globo, e está fazendo greve de fome.
Nenhum comentário:
Postar um comentário