Portugal vive maior protesto dos últimos 30 anos
Esquerda.net
Segundo a CGTP, a manifestação nacional contou com 300 mil pessoas e
encheu a baixa de Lisboa durante a tarde de sábado. A central sindical
vai reunir o Conselho Nacional na próxima quinta-feira e decidir aí
novas formas de luta, tendo em conta a mobilização desta manifestação.
No seu primeiro discurso após tomar posse como secretário-geral da
Intersindical, Arménio Carlos apontou baterias ao governo da troika. "De
austeridade em austeridade, os sacrifícios sucedem-se sem fim à vista, o
país definha economicamente e a pobreza alastra", declarou,
acrescentando que "os pacotes sucessivos de austeridade e sacrifícios
não criam riqueza. O país precisa que lhe tirem a corda da garganta".
Para que isso aconteça, Arménio Carlos defendeu a "renegociação da
dívida em prazos, montantes e juros mas também a alteração de políticas
que tenham como prioridade o crescimento económico, o emprego e a
salvaguarda do interesse nacional". O líder da CGTP aproveitou para
responder a Paulo Portas, que considera que a renegociação é passar uma
mensagem de caloteiro para o exterior. "Caloteiro não é aquele que exige
a renegociação da dívida para criar riqueza e emprego e criar condições
para pagar aquilo que se deve. Caloteiro é aquele que se submete, que
aceita o que lhe é imposto, sabendo de antemão que jamais em tempo algum
com estas condições irá pagar aquilo que deve", declarou o
sindicalista.
Para Francisco Louçã, esta manifestação foi "um sinal de dignidade,
porque o país já percebeu uma coisa: é que o governo sussurra no ouvido
dos ministros alemães que ditam a sorte de Portugal, mas não ouve as
razões da maioria do povo português". "O governo e a troika dizem-nos o
seguinte: mais facilidade de demissões, dias de trabalho gratuito,
perdem o subsídio de natal e de férias e no fim há mais dívida e talvez
um novo empréstimo para mais dívida ainda", acrescentou o dirigente
bloquista presente no "Terreiro do Povo".
Sobre a visita da troika prevista para a próxima semana, Arménio Carlos
lembrou que o acordo "é bom para eles", referindo-se aos milhares de
milhões que o país é chamado a pagar só em juros e comissões, ao
dinheiro posto à disposição da banca e aos favores feitos ao patronato,
aos acionistas das empresas privatizadas e aos detentores das cadeias de
distribuição. Para o líder da CGTP, "o povo português está a encher o
Terreiro do Paço e a dizer ao Governo e às entidades patronais que aqui
não há rendição".
No início do discurso, Arménio Carlos referiu-se às lutas dos
trabalhadores gregos, "um povo que já marcou a história pela sua
heroicidade, que não abdica de lutar por aquilo que tem direito" e aos
trabalhadores espanhóis, que "anunciaram uma jornada de luta para
contestar as medidas que o Governo anunciou para, tal como aqui,
embaratecer os despedimentos".
*esquerdopata
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