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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 03, 2012

Ali Kamel, se 'não somos racistas', por que Roberto Marinho usava pó de arroz para disfarçar sua tez mulata?

 do Mello

Ali Kamel, diretor de jornalisno da Rede Globo, escreveu um livro cuja tese principal se apresenta no título: "Não somos racistas".
No entanto, pelas palavras do jornalista Paulo Nogueira, que foi diretor editorial da Editora Globo, Ali Kamel teria todos os elementos para pensar justamente o oposto. Afinal, ele - como Paulo Nogueira - conviveu com Roberto Marinho, que, segundo Paulo Nogueira, "não se orgulhava de sua estatura, ampliada por saltos, e de sua tez mulata, na qual passava pó de arroz".
Será que Kamel imaginava que o pó de arroz não era fruto de um racismo introjetado por Roberto Marinho, mas, antes, nem complexo de inferioridade, nem pó de arroz era, e sim farinha de trigo, como passavam na tez os homens da corte do Rei Sol em França, pois era assim que Kamel via Roberto Marinho?
Mistérios...
O que sei, ainda segundo Paulo Nogueira, é que nas reuniões de que participou ele reparou que Kamel e Merval, o Imortal, Pereira "pareciam disputar entre si quem era campeão em pensar como a família Marinho pensa".

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