Lula e presidente da Turquia tinham razão: Irã não planeja bomba
Via Vermelho
A constatação de que o Irã não pretende
fabricar a bomba atômica, em anúncio feito pelo ministro da Defesa de Israel, Ehud
Barak, tem despertado críticas ao governo dos Estados Unidos e, por outro lado,
elogios ao ex-presidente Lula e ao presidente da Turquia, Tayyp Erdogan.
Em 2010, Lula e Erdogan, então primeiro-ministro
turco, negociaram um acordo com Mahmoud Ahmadinejad relacionado ao uso do urânio
enriquecido por parte do Irã. O processo de diálogo obteve êxito, mas Estados Unidos
e França, entre outros países, criticaram o acordo feito, embora tivessem elogiado
a iniciativa de mediação por parte dos governos brasileiro e turco.
A informação divulgada recentemente
pelo governo de Israel, ao isentar o Irã de intenções belicistas, contribui para
diminuir a tensão no Oriente Médio e atesta o rumo certo da política externa conduzida
pelo Itamaraty, avalia o deputado Henrique Fontana (PT/RS).
“Essa notícia demonstra o acerto da
política externa brasileira e fortalece os seus pilares fundamentais: o diálogo
como caminho para evitar conflitos, o respeito à autonomia dos povos e o não alinhamento
automático com quaisquer polos em disputa”, destacou Fontana, que integra a Comissão
de Relações Exteriores da Câmara.
Erro dos Estados Unidos
O deputado Dr. Rosinha (PT/PR) concorda
com o colega e cita análise feita por Trita Parsi, especialista em relações internacionais,
no livro A single roll of the dice – Obama’s
diplomacy with Iran (“Um simples rolar dos dados – a diplomacia de Obama com
o Irã”), lançado em janeiro passado, mas ainda não publicado no Brasil.
“No livro, o autor mostra que o acordo
feito por Lula e Erdogan estava correto e deveria ter sido apoiado pelo governo
dos Estados Unidos, mas isso não aconteceu. Hoje, com o anúncio de Israel, fica
mais uma vez comprovado que aquele acordo feito em 2010 estava certíssimo”, disse
Rosinha.
Os petistas criticaram a postura dos
Estados Unidos nesse caso em particular e também na perspectiva histórica da política
internacional. “A política externa norte-americana ainda possui uma influência muito
grande do clima existente na época da Guerra Fria, o que leva o governo dos Estados
Unidos a adotar sempre uma postura negativa, belicista”, acredita Fontana.
Dr. Rosinha também critica a postura
dos Estados Unidos nesse episódio. “A política externa norte-americana quer sempre
impor a sua vontade e não aceita que outros países sejam protagonistas – como Brasil
e Turquia, nesse caso – das negociações internacionais”, afirmou o parlamentar,
que é vice-presidente do Parlamento do Mercosul (Parlasul).
Mídia submissa
“A grande mídia, em geral, tanto no
Brasil quanto nos Estados Unidos, é muito submissa às posições do governo norte-americano
em matéria de relações internacionais. Não há investigação e não há senso crítico,
salvo exceções”, observou Rosinha.
“Muitos no Brasil criticaram o presidente
Lula em função do acordo com o Irã e defendiam o senso comum de condenação a este
país. Hoje podemos, mais uma vez, elogiar a postura corajosa do nosso ex-presidente
ao tratar daquela questão delicada”, enfatizou Fontana.
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