Haddad |
Leio o revelador texto de
meu irmão Kiko sobre o fenômeno Russomano. Converso com ele e fazemos
uma aposta sobre qual vai ser o novo prefeito de São Paulo.
Não
sabia, embora desconfiasse, que a situação de Serra era tão precária
dentro do próprio PSDB. Me pergunto: se era tamanha a rejeição a ele
entre os próprios tucanos, por que o escolheram? Ninguém imaginava que
os paulistanos lembrariam que Serra os largou no meio do caminho quando
foi prefeito?
Serra
dificilmente escapará da derrota no primeiro turno. Russomano está
firme na ponta, e Haddad já encostou, como era previsível. É algo
parecido com o que aconteceu, no plano nacional, com Dilma: saiu de
baixo nas pesquisas e, com o horário eleitoral, foi crescendo.
Sobrarão, provavelmente, Russomano e Haddad.
É
quando a vida tende a ficar mais difícil para Russomano. A presença de
Serra, até aqui, o beneficia. Parte do eleitorado que seria tucano
rejeita Serra e opta por ele. Sem surpresas: é um rosto relativamente
novo, e tem familiaridade com televisão, um atributo precioso na
política contemporânea.
Depois
é que virão as dificuldades. O PT é um partido articulado e organizado,
ao contrário do caricato PRB de Russomano. Haddad é, como ele, uma cara
fresca. (O PT acertou ao escolhê-lo em vez de Marta, que cairia na
categoria da velha turma botocada de sempre.)
Os
eleitores que ficarem com Serra no primeiro turno tenderão a votar
depois em Haddad, e não em Russomano, excetuada a minoria mais
retrógrada que abomina o PT – e que tem no blogueiro Reinaldo Azevedo
seu porta-voz mais estrepitoso. Tirada essa parcela arquiconservadora, o
tucano típico apoia, hoje, iniciativas sociais destinadas a reduzir a
miséria. Mais ainda, gostaria de ver o partido agarrar com vigor a
bandeira da justiça social. Para este eleitor, a escolha entre Russomano
e Haddad será simples.
Por isso, Haddad tende a ganhar, com uma certa folga.
Foi
essa a aposta que fiz com meu mano. Ele acha que o apoio dos
evangélicos levará Russomano — que ele e eu olhamos com justificada má
vontade, dada sua biografia de demagogo – à prefeitura. Penso que
igreja nenhuma é capaz de levar alguém a virar prefeito de uma cidade
como São Paulo.
Veremos
qual de nós vencerá. Qualquer que seja o desfecho, e estou tão convicto
de meu raciocínio que disse a Kiko que escolhesse o que apostaríamos,
um Nogueira vencerá.
*Mariadapenhaneles
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