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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 12, 2012

Assange promove debate entre comunista e sionista



Julian Assange realizou a entrevista entre os dois pensadores durante a sua prisão domiciliar, em Londres

No segundo episódio da série “O Mundo Amanhã”, o fundador do Wikileaks, Julian Assange, entrevista Slavoj Žižek e David Horowitz. Žižek, que foi candidato à Presidência da Eslovênia nos anos 1990, é conhecido como um “intelectual superstar” e se define como leninista, apesar de ter um retrato de Stálin em sua casa. David Horowitz, por sua vez, é um expoente do pensamento conservador norte-americano – e um sionista sem o menor pudor. Atualmente, seu instituto faz campanhas contra influências islâmicas e de esquerda na mídia, na academia e na política.
O encontro, entre pensadores que defendem causas completamente diferente, foi acalorado. “Você é um apoiador da coisa mais próxima que temos do nazismo. Você apoia os palestinos. Eu não vejo como diferenciar os palestinos, que querem matar os judeus, dos nazistas”, diz Horowitz.
Irritado, o esloveno dispara: “Desculpe, você já foi à Cisjordânia?”. Em alguns momentos, Assange tem que segurar o exaltado Žižek, embora seu adversário esteja em outro continente.
O tom da conversa varia entre o antagônico e o bem humorado; os três falam de personalidades que vão de Stalin a Obama, do conflito entre Israel e Palestina, do desejo da liberdade ao Estado de vigilância,– passando, é claro, pelo trabalho do WikiLeaks, considerado “perigoso” por Horowitz. No final, Žižek conclui: “Isso foi uma loucura!”.



O projeto “O Mundo Amanhã” foi produzido pelo WikiLeaks em parceria com o canal RT, da Rússia. A publicação foi autorizada pela Agência Pública
 
 
Fonte: Análise de Conjuntura

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