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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
sexta-feira, dezembro 14, 2012
A presidente Dilma Rousseff fez hoje (14) oferenda floral no túmulo do soldado desconhecido, nas Muralhas do Kremlin, em Moscou, na Rússia
A presidente Dilma Rousseff fez hoje (14) oferenda floral no túmulo do soldado desconhecido, nas Muralhas do Kremlin, em Moscou, na Rússia. No discurso na cerimônia de encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Rússia, a presidente afirmou que a crise econômica "tende a durar" e "permanecer nos países desenvolvidos". No dia 4 de dezembro, Dilma á havia admitido que a atual crise internacional econômica é “crônica”, oposto da crise de 2009, que era “aguda”. “Queremos construir uma relação comercial, de investimento recíproco, pois a crise tende a durar, tende a permanecer nos países desenvolvidos”, disse em Moscou. O objetivo do fórum, segundo a presidente, é fortalecer os laços econômicos entre Brasil e Rússia para dar respostas à crise econômica que ainda atinge a zona do euro. “Nosso objetivo é fortalecimento estratégico entre os dois países. São países de grandes riquezas naturais. Nesse cenário, o vínculo entre a Rússia e o Brasil é uma questão oportuna, principalmente para nós, emergentes, é uma forma de enfrentarmos e darmos uma resposta à crise”, acrescentou. A presidente disse que os dois países têm muito a explorar. “Queremos construir uma relação comercial, de investimento recíproco, pois a crise tende a durar, tende a permanecer nos países desenvolvidos”. Dilma afirmou ainda que a Rússia é uma potência energética. “O Brasil consolida-se como potência agrícola e energética também. E somos grandes países com grandes mercados. Nós nos modernizamos ao longo das últimas décadas. Temos desafios a nossa frente. Temos potencial de comércio muito maior. Não podemos nos contentar com o estágio atual de nossas relações comerciais. Não podemos restringir nossa pauta a atividades primárias”. No encontro com o colega russo, Vladimir Putin, Dilma foi recebida com flores (acima). A presidente manifestou preocupação quanto às medidas de austeridade que vêm sendo impostas aos países da Europa que enfrentam crise financeira. Além de economia, os dois presidentes também conversaram sobre temas da agenda internacional e cooperação entre Brasil e Rússia nas áreas de ciência e tecnologia. “(Pretendemos) manter profundo diálogo sobre a reforma no Fundo Monetário e nas instituições financeiras internacionais para que seus órgãos reflitam a configuração do mundo de hoje”, disse a presidente em declaração à imprensa após se reunir com Putin. Ela também assinalou a necessidade de manter políticas que assegurem a promoção do emprego e o incentivo ao crescimento como caminho para superar a crise. Ao lado de Putin, a presidenta Dilma disse que Brasil e Rússia têm visões convergentes sobre o mundo e declarou o interesse em aumentar o dinamismo do comércio entre os dois países. Sobre a crise síria, Dilma avaliou: “O Brasil acompanha com extrema preocupação a gravíssima escalada do conflito na Síria. Achamos que um processo político liderado pelos próprios sírios é o único caminho para a superação do conflito”. Mais cedo, empresários brasileiros e russos participaram de um fórum empresarial na busca de identificar oportunidades de negócios. Foram firmados acordos de cooperação na área de ciência e tecnologia e no setor militar (produção de energia nuclear). Ela ressaltou que Brasil e Rússia são atores de grande porte em energia e que parcerias na área serão incentivadas, com forte participação da Petrobras. Ontem (13), a presidenta se reuniu com o primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, e fez um convite para que ele visite o Brasil. Na véspera, no último dia da visita a Paris, na França, a presidente Dilma Rousseff participou da 81ª Assembleia Geral da União Internacional de Ferrovias (UIC) e do seminário empresarial Desafios e Oportunidades de uma Parceria Estratégica. A presidente Dilma Rousseff destacou, em Paris, a necessidade de cooperação entre os países para sair da crise e disse que o Brasil vem fazendo sua parte para retomar o crescimento. "O Brasil tem mantra. Crescimento se faz com geração de emprego e distribuição de renda", disse a presidente durante seminário na sede do Movimento de Empresas da França (Medef). "Meu País vem fazendo a sua parte no esforço para retomar o crescimento", acrescentou. Dilma citou as "falácias" e lembrou a importância de se fazer consolidação fiscal, observando, no entanto, que tal consolidação só é feita de forma adequada quando se dá em um quadro de crescimento. Segundo ela, é possível compatibilizar crescimento com distribuição de renda e crescimento com estabilidade macroeconômica.
*nina
*Nassif
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