Lula, a ética e o jogo pesado dos doutores
Lula: o político ideal talvez esteja dentro das pessoas (Foto: José Cruz/ABr) |
Durante
décadas e décadas os meios de comunicação vêm nos dizendo que a
corrupção que cobre o imenso Brasil é causada única e exclusivamente por
uma entidade chamada "governo", a qual, logicamente, é constituída por políticos, burocratas, funcionários de maior ou menor poder etc e tal.
Nunca ouvimos falar do corruptor, o sujeito que "compra" os serviços oferecidos pelo corrupto - e que, em 1.000% dos casos se trata do "impoluto" representante do setor privado.
Foi sempre assim e continua assim: os maus, esses terríveis bandidos que se apoderaram do setor público, e os bons, os nossos exemplares empresários que fazem tudo de acordo com a lei, que são incapazes de oferecer propinas e que tais para ganhar concorrências, serviços ou o que for, que nunca sonegaram um centavo de impostos, que seguem a ética e a moral passo a passo em suas realizações.
Essa é uma opinião tão incrustada na consciência popular que quando uma liderança de raro instinto sociológico como o ex-presidente Lula, durante um debate sobre os dez anos de governos petistas, diz que não existe político "irretocável do ponto de vista do comportamento moral e ético", muita gente se choca.
Por mim, prefiro ver que ainda existe gente como Lula, que usa a sinceridade no dia a dia, do que outras autoridades como esses ministros do Supremo Tribunal Federal, que estão ajudando a afundar de vez o pouco que resta do prestígio do Judiciário brasileiro, essa aberração que sabe perfeitamente distinguir a culpa dos réus apenas pela cor de sua pele, pelo tecido de suas roupas, pelo couro de seus sapatos, pela marca do carro e nome dos advogados.
Lula pegou pesado na sua análise.
Disse que a imprensa nacional tenta vender a imagem de que existem políticos ideais, que, segundo ele, não existem.
Na sua avaliação, há setores que tentam promover a negação da política como forma de prejudicar o PT.
Segundo ele, isso ocorreu na eleição da presidente Dilma Rousseff e também na eleição municipal de São Paulo em 2012.
E apesar disso, ele fez um apelo aos mais jovens para que não desistam da política.
"Quando vocês não acreditarem em mais ninguém, no Lula, no (Fernando) Haddad, na Dilma, em ninguém, nem no Paulo Maluf... ainda assim, pelo amor de Deus, não desistam da política", afirmou, segunda-feira, à plateia do Centro Cultural São Paulo, na capital paulista.
"O político ideal que vocês desejam, aquele cara sabido, aquele cara probo, irretocável do ponto de vista do comportamento ético e moral, aquele político que a imprensa vende que existe, mas que não existe, quem sabe esteja dentro de vocês."
Esse é o Lula, o metalúrgico nordestino "analfabeto" que chegou à Presidência da República duas vezes e conseguiu tirar o país do buraco em que se encontrava quando era governado por sabidos intelectuais.
E ele está errado?
Basta ver o esforço que o STF, junto com a Procuradoria-Geral da República, está fazendo para criminalizar a atividade política brasileira para dar razão ao ex-presidente.
E se os doutos ministros fazem isso é porque de bobos eles não têm nada.
Sabem perfeitamente que o prêmio desse jogo que se arriscam a jogar, metendo o país numa grave crise institucional, vale a pena.
Afinal, eles têm interesses muito além dos nossos, pobres mortais.
do Blog CRÔNICAS DO MOTTA
*opensadordaaldeia
A filósofa Marilena Chauí afirmou ontem (13) que o programa Bolsa Família provocou uma "revolução social" no Brasil ao transferir paras as mulheres a tarefa de gerenciar o benefício.
“Não sei o quanto temos consciência de que aconteceu uma revolução social no Brasil. Vocês sabem que o Bolsa-Família vai para as mulheres. Vocês não imaginam o quanto isto alterou o modo de constituição da relação familiar, da relação homem-mulher e da maneira pela qual as mulheres se percebem como sujeitos sociais, como sujeitos políticos, e não apenas como instrumento de uso. Isso é gigantesco”, disse ela, durante o lançamento do livro 10 Anos de governos pós-neoliberais no Brasil - Lula e Dilma.
Brasil vive 'revolução social', diz Marilena Chauí
O ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva,
que estava
presente para assistir ao debate,
falou ao final e
criticou àqueles que,
'apressadamente',
fizeram críticas ao governo.
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“Em lançamento de livro sobre os 10 anos de
pós-neoliberalismo no país, filósofa destaca empoderamento das mulheres e a
conquista de direitos pela classe trabalhadora
A filósofa Marilena Chauí afirmou ontem (13) que o programa Bolsa Família provocou uma "revolução social" no Brasil ao transferir paras as mulheres a tarefa de gerenciar o benefício.
“Não sei o quanto temos consciência de que aconteceu uma revolução social no Brasil. Vocês sabem que o Bolsa-Família vai para as mulheres. Vocês não imaginam o quanto isto alterou o modo de constituição da relação familiar, da relação homem-mulher e da maneira pela qual as mulheres se percebem como sujeitos sociais, como sujeitos políticos, e não apenas como instrumento de uso. Isso é gigantesco”, disse ela, durante o lançamento do livro 10 Anos de governos pós-neoliberais no Brasil - Lula e Dilma.
A obra, editada pela Boitempo e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), é uma coletânea de 21 textos
sobre o período, para os quais colaboram diversos intelectuais, entra eles a
própria Chauí. Além filósofa, participaram do debate de lançamento o economista
Márcio Pochmann (também coautor) e o sociólogo Emir Sader, responsável pela
organização do livro.
Outra transformação dos últimos dez anos, segundo a professora da USP,
foi a melhora econômica da classe trabalhadora. Ela avessa ao conceito de nova
classe média.
Para Chauí, o que define uma classe social não são os bens de consumo
dos quais as pessoas dispõem, mas sim as relações dentro do modo de produção
capitalista.
“A perspectiva de dispor de um conjunto de bens de consumo de massa e
dispor de um conjunto de direitos sociais significa mudar de classe? Não.
Significa que a classe conquistou seus direitos e seu lugar”.
Márcio Pochmann, que é professor da Unicamp e presidente da Fundação
Perseu Abramo, ressaltou a ampliação de direitos e oportunidades para a
população de baixa renda.
“O povo brasileiro se transformou no grande protagonista das
transformações que vemos hoje. Este é uma marco inegável da transformação da
democracia de uma elite para uma democracia de massa. O caminho é universalizar
as possibilidades que por muito tempo foram para poucos.”
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava presente para
assistir ao debate, falou ao final do evento a pedido do público, e saudou o
livro como um contraponto aos ataques sofridos pelos governos do PT nos
veículos da grande imprensa.
“Os apressados escreveram muita coisa ruim sobre o governo. Tem uma
literatura farta contra o governo e contra o PT. E eu sempre tive consciência de
que somente o tempo é que iria de se encarregar de colocar as coisas no lugar. Tinha
consciência que meu problema com parte da elite política deste país e parte da
imprensa brasileira era o meu sucesso.”
Ouça aqui a reportagem de
Cláudio Manzzano.
*Saraiva
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