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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, maio 17, 2013

Lula recebe 8 títulos de doutor honoris causa na Argentina



O vice-presidente argentino, Amado Boudou, homenageou Lula com a Menção Honrosa Domingo Faustino Sarmiento
O ex-presidente Lula recebeu nesta sexta-feira oito títulos de doutor honoris causa na Argentina. As universidades de Cuyo, San Juan, Córdoba, La Plata, Tres de Febrero, Lanús, San Martín e a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais homenagearam o ex-presidente em uma cerimônia que aconteceu no Senado argentino.
Em seu discurso, Lula lembrou que o primeiro diploma que desejou foi o de torneiro mecânico, do qual sua mãe tinha muito orgulho. "A emoção ao receber este primeiro diploma foi a mesma ao receber meu segundo diploma, o de Presidente da República", disse. Para Lula, os oito títulos recebidos hoje reviveram aquela emoção. "Esses títulos não são um reconhecimento (apenas) ao Lula, mas a uma década de transformações democráticas que viveu o Brasil, a Argentina e toda América Latina", afirmou. Ele lembrou também o papel crucial do "companheiro Néstor Kirchner" neste processo e dedicou a homenagem ao ex-presidente argentino. "Néstor, esses títulos também são para você."

Lula também da importância da integração latino-americana, um dos focos de trabalho do Instituto  Lula que fundou. "Temos que trabalhar juntos, destruindo as barreiras que nos separam e construindo pontes que nos unam", afirmou. Ele incentivou maior cooperação entre as universidades brasileiras e argentinas e homenageou os professores e alunos das universidades argentinas que lutaram contra a ditadura militar. Lula falou do papel crucial das relações entre Brasil e Argentina para a integração e brincou dizendo que a Argentina só não pode fazer na Copa do Mundo o que o Boca Juniors fez com o Corinthians na última quarta-feira - o clube argentino eliminou o brasileiro da Copa Libertadores da América - , ou haverá um "grande problema para a integração".

Lula terminou seu discurso falando da crise internacional. "Os que hoje estão em crise, sabiam resolver todos os problemas do meu país", declarou. Ele citou a falta de peso das decisões dos organismos multilaterais e afirmou que "um dos grandes problemas que vivemos hoje é a falta de decisão política, porque faltam líderes políticos". O ex-presidente terminou apontando uma saída para a crise: "Deem menos dinheiro para salvar os bancos e mais para salvar vidas humanas."

O senador Daniel Filmus, presidente da Comissão de Relações Exteriores e Culto do Senado argentino, fez o discurso inicial em que declarou que os títulos estavam sendo entregues a "um homem que lutou contra a adversidade". Ele também lembrou que é a primeira vez que a Argentina tem 30 anos ininterruptos de democracia. Filmus reconheceu que os argentinos sempre foram ensinados a ter medo do Brasil e que Lula teve um importante papel em desfazer essa imagem. "Hoje, tirando no futebol, não temos grandes disputas", brincou.

O senador terminou seu discurso falando da importância das lutas pontuais e constantes dos homens e afirmou que Lula é "um homem imprescindível ao Brasil, para os mais humildes, para os que lutam pela paz no mundo, para Argentina e para toda a América Latina".

Os oito reitores entregaram os certificados dos títulos a Lula e o vice-presidente argentino, Amado Boudou, homenageou Lula com a Menção Honrosa Domingo Faustino Sarmiento. Boudou destacou a importância do desenvolvimento de um corpo de pensamento próprio da América Latina e lembrou a histórica decisão de Lula e Néstor Kirchner de dizer não à Alca e optar por uma integração regional.

Reunião com reitores

Antes da cerimônia, Lula se reuniu com os reitores das universidades que propuseram os títulos. O ex-presidente abriu a reunião falando da honra de receber a homenagem, mas também da responsabilidade dos títulos. Cada um dos dirigentes universitários falou de suas realidades locais e dos motivos para a escolha do ex-presidente brasileiro.

Carlos Ruta, reitor da Universidade de San Martín, disse que Lula é um "símbolo para nossos jovens, que precisam de exemplos de dignidade". O vice-presidente Amado Boudou falou da importância do ato para a "Luta contra o colonialismo intelectual, que talvez seja o mais profundo colonialismo".Lula citou duas ações da educação brasileira: o Prouni e a aprovação da política de cotas, que permitiram um acesso muito mais democrático à educação.- Informações  da assessoria do Instituto Lula

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