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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, julho 18, 2013

A amizade global de Joaquim Barbosa e Luciano Huck



Relações do presidente do Supremo Tribunal Federal com a Globo e a estreita amizade de Luciano Huck com políticos expõe a faceta atual do modelo de comunicação no Brasil
Márcio Zonta
Da Redação - Brasil de Fato
O padrão Globo de atuar nos bastidores não se refere apenas aos favores dos coronéis da ditadura. Nos tempos atuais, a emissora tem elegido outras personalidades, principalmente para legitimar sua raiva contra alguns governos de viés mais populares. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, propagado pela imprensa hegemônica, sobretudo da Rede Globo, como modelo de ética no Brasil contemporâneo, seria uma dessas personalidades escolhidas. 
Em março passado o presidente do STF foi premiado pelo jornal O Globo como Personalidade do Ano. Em maio, Joaquim Barbosa usou dinheiro público para custear passagens aéreas de um jornalista do mesmo periódico para cobrir sua apresentação em um seminário sobre liberdade de imprensa, na Costa Rica. 
As relações persistiram entre Barbosa e a Globo. No dia 2 de junho, acompanhado de seu filho Felipe Barbosa, o magistrado assistiu ao jogo Brasil x Inglaterra, no Maracanã, no camarote de Luciano Huck, apresentador global. Recentemente, a emissora admitiu que contratou Felipe para ser seu funcionário, embora tenha negado o fato em diversas ocasiões. 
O incrível Huck
Felipe trabalha exatamente no programa de Luciano Huck, figura global bastante conhecida e admirada entre políticos da direita brasileira. Amigo do governador Sérgio Cabral e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Huck já foi cogitado para disputar o cargo de governador do Rio de Janeiro pelo PSDB, além de participar de diversas reuniões do PMDB. 
Empresário articulador de diversos negócios, tem prioridade no mercado imobiliário em Fernando de Noronha, onde já construiu uma luxuosa pousada. No mais, saiu imune às multas por crime ambiental em Angras dos Reis, onde levantou uma mansão em área de reserva ambiental. 
Prova de seu comportamento elitista, e por vezes preconceituoso, foi demonstrado quando era proprietário da boate Cabral, em São Paulo, onde afirmava que “baiano não ia”. 
“É por essas e por outras que a mídia precisa sofrer urgentemente um processo de democratização, cuja representatividade, cor e região de cada pessoa seja respeitada, além de quebrar uma sinergia política nefasta entre figuras públicas e mídia”, conclui Gésio Passos, do Coletivo Intervozes.
(Foto: Elza Fiúza / ABr)
*Mariadapenhaneles

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