Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, julho 18, 2013

CARLOS DORNELLES - Extra! Extra! Globo fecha acordo milionário com ex-funcionário.


Sabe-se que o valor da ação foi calculado em um milhão e cem mil reais, mas os termos do acordo - que acaba de ser fechado - ainda não foram divulgados. 

Sem uma sentença terminativa, a emissora não corre por ora o risco de, por analogia, (súmula vinculante), sofrer uma enxurrada de ações semelhantes.


Na primeira instância a juíza não quis nem ouvir todas as testemunhas, por suspeição. Eram elas: Mariano Boni (então chefe de redação em São Paulo), Teresa Garcia (editora-chefe do Jornal Hoje, à época), Rosane Baptista (coordenadora do Jornal Nacional, também em São Paulo) e um funcionário do R.H., de nome Valdir.
A empresa negava o vínculo de emprego e dizia que o jornalista tinha total autonomia, e que podia decidir sobre a melhor forma de conduzir as pautas e até mesmo recusá-las (guarde bem este trecho para o relato que farei abaixo)
O julgamento em segunda instância durou apenas nove meses, um recorde para a justiça do trabalho. No entanto, quando o processo subiu para o TST, a Globo Participações conseguiu fazê-lo voltar para 69ª Vara do Trabalho de São Paulo, para que mais uma das testemunhas fosse ouvida, criando-se assim condições para um acordo, já que Dorneles passou a suspeitar se teria ou não sucesso pela via judicial.
O jornalista cobrava direitos trabalhistas sonegados
a ele, depois que viu-se obrigado a trocar a condição de "celetista" pela figura do P.J., pequeno empresário prestador de serviços, em 1988. O cálculo baseou-se nos 20 anos de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço devidos e nos 5 anos (limite máximo a ser reclamado) de todos os outros encargos trabalhistas.

Quem é esse peregrino?

Carlos Dornelles é um dos repórteres-grife da televisão brasileira. Depois de passar pela Folha da Manhã, Zero Hora e RBS-TV, em Porto Alegre, Dodô, como é carinhosamente chamado pelos colegas mais íntimos, veio para São Paulo, em 1983, onde sua carreira ganhou novo fôlego.
Gaúcho de Cachoeira do Sul, de 1988 a 1990 foi correspondente internacional da Globo, baseado no escritório de Londres e, de 1991 a 1992, ocupou vaga no escritório de Nova Iorque. Em 2008, sem a renovação do contrato, aceitou convite para trabalhar como repórter especial do Jornal da Record, na emissora concorrente, onde está até hoje.
Autor de três livros e ganhador dos principais prêmios de jornalismo, Dorneles é admirado por todos que tiveram o privilégio de trabalhar ao lado dele, principalmente "o pessoal da rua", que vê no colega uma figura simples, humana e modesta, bem diferente da maioria dos repórteres de televisão brasileira, encantados pela representação que sua imagem ganha diante da telinha.
Ético ou Turrão?
Fui editor de várias reportagens do Dodô enquanto servi ao Jornal Nacional, de 2004 a 2008. E sou testemunha do que precipitou a saída dele da emissora.
Dorneles não aceitava que seu texto fosse modificado, mudando-se o sentido do que ele tinha apurado. 

Isso aconteceu em pelo menos duas ocasiões, quando Ali Kamel tentou manipular o conteúdo de suas matérias. 

Em ambos os casos o colega, um exemplo raro de coragem e desprendimento, recusou-se a gravar o texto e foi embora para casa.
Em outra ocasião, foi chamado num plantão de sábado para "repercutir" uma matéria de capa da Veja, bem ao gosto da política editorial imposta por Ali Kamel. 

Novamente recusou-se a fazer uma reportagem de assunto sobre o qual não havia feito apuração.
No auge da crise da campanha eleitoral de 2006, instado por um estudante de jornalismo, numa palestra no Rio Grande do Sul, Dorneles disse que os barões da mídia deveriam todos ser investigados. 

A declaração, bombástica, veio num momento delicado, em que a emissora era acusada de esconder a queda de um avião para noticiar o "dinheiro na cueca" dos "aloprados do PT".
Passadas as eleições, sem eleger seu candidato, Geraldo Alckmin, a emissora começou o expurgo. 
Dorneles foi aprisionado na geladeira do Globo Rural, e deu-se por satisfeito, porque voltaria a ter liberdade para trabalhar, sem ter que se ocupar com o tipo de jornalismo que Ali Kamel e seus comparsas passaram a flertar.
Há outros processos em curso, de menor monta. Para a emissora - que está sendo investigada por crimes de deixariam Al Capone de "cabelos em pé", o tratamento dado a um dos principais jornalistas do país, a quem chama na ação de "litigante de má fé", dá bem a dimensão do tipo de empresários com quem estamos lidando.
Portanto, seu fosse você, leitor, tiraria as crianças da frente dos infantis, das novelas e, até, da Copa do Mundo, porque eles não valem "uma marmita azêda".

do Blog DOLADODECÁ

*cutucandodeleve

Nenhum comentário:

Postar um comentário