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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, julho 16, 2013

a decadência da TV Cultura é explícita.

TV Cultura, cada vez menos pública, cada vez mais panfleto do PSDB: o "Roda Viva" como palanque para Serra e FHC e como arapuca para o presidente do PT



por Paulo Jonas de Lima Piva

Há tempos a programação da TV Cultura, uma emissora pública e educativa, deixa a desejar. Contra os baixíssimos índices de audiência que sempre colocaram em xeque a sua existência a emissora tentou ser mais popular. Mas naufragou no intento. O máximo que conseguiu foi se tornar um arremedo cult de SBT. Ao mesmo tempo, para se manter uma emissora de referência e cumprir com a sua natureza e função, o máximo que vem conseguindo nesse sentido é ser uma caricatura do que foi no passado. Em outras palavras, a decadência da TV Cultura é explícita. Em quase nada a tevê paulista se difere das emissoras comerciais. E essa decadência se acelerou com a passagem do tucano José Serra pelo Palácio dos Bandeirantes, quando fez da emissora, na ocasião, um instrumento a serviço da sua derrotada campanha presidencial de 2010.

Tal degradação de qualidade da TV Cultura é visível, por exemplo, nos seus programas jornalísticos. Sua linha editorial conservadora, antipetista e tucana é indisfarçável. O "Matéria de capa", exibido aos domingos, é um panfleto neoliberal vergonhoso; o "Jornal da Cultura", uma espécie de Tucano News, com âncoras e comentaristas selecionados, na sua maior parte, na direita mais baixo nível.

Mas é no tradicional "Roda Viva" que a emissora se faz mais deprimente. O programa tornou-se um palanque para tucanos e ideólogos da pior direita e uma arapuca e paredão para personalidades progressistas e de esquerda. Foi o que ocorreu com as recentíssimas passagens de Serra e de FHC pelo centro do programa imediatamente após a onda de protestos juninos. Entre os seus entrevistadores só correligionários e office-boys da máfia midiática cuidadosamente selecionados e destacados para perguntarem exatamente o que os entrevistadores queriam responder. Em contrapartida, na edição de ontem, o presidente do PT Rui Falcão não teve levantadores de bola. Ao contrario, ele foi entrevistado como um touro numa praça de tourada ou um condenado numa zona de fuzilamento. No final, porém, o touro parece que venceu seus algozes, como podemos ver no vídeo abaixo. Essa parece ser também a opinião de Paulo Henrique Amorim em artigo que reproduzimos na sequência.





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PT DUVIDA QUE AÉCIO SEJA CANDIDATO: Rui Falcão enfrentou um pelotão de fuzilamento e tirou de letra.

por Paulo Henrique Amorim, para o Conversa Afiada


A TV Cultura de São Paulo é de uma fundação – Fundação Padre Anchieta -, que, segundo seu criador, Abreu Sodré, deveria ser independente do Governo Estadual e prestar um serviço educativo que ilustrasse todo paulista – governistas, oposicionistas, apolíticos ou transportistas em geral.

A TV Cultura resistiu a várias intempéries: Maluf, Quércia, Fleury.

O período em que gozou de mais independência política foi na gestão Mário Covas-Jorge Cunha Lima.

Pouco a pouco, os tucanos mais ortodoxos, Cerra e Alckmin, trataram de colocar a TV Cultura a serviço dos tucanos, de forma incondicional.

E, mais do que isso, trataram de esvaziá-la economicamente, já que o Cerra, por exemplo, não precisa da Cultura.

Tem a Globo à sua inteira disposição.

A Cultura tucana se tornou um arremedo de tevê pública.

Ela tem partido: o PSDB.

É o que mostra a sua mais exuberante vitrine, o programa que o Zé Simão apelidou de Roda Morta.

Hoje, o Roda Morta tem um problema na arcada dentária.

Que amarra a cara. 

O trejeito se combina com a posição na cadeira que demonstra arrogância, hostilidade e a pretensão de âncoras globais diante de indefesos entrevistados.

As perguntas são mais longas que as respostas.

Não são perguntas: são editoriais, autos de acusação.

E tudo numa dicção de fazer da fonoaudiologia um simulacro de arqueologia.

No caso de o entrevistado ser tucano, tudo muda.

Com os tucanos, a Roda gira suave, musical, como a roda gigante de um parque de diversões.

Com os petistas, a roda se torna o pelotão de fuzilamento do último ato da Tosca.

Foi o caso do Roda Morta desta segunda-feira.

O presidente do PT foi fuzilado por entrevistados pigais, com a aparência de um falso fuzilamento.

Não era.

Era um fuzilamento de verdade.

Não se sabia de onde vinha a bala mais certeira.

Se da mesa da ancoragem ou da bancada de entrevistados.

Muitas perguntas não tinham a função de esclarecer o espectador, mas de ferrar o entrevistado.

Desde que Heródoto Barbeiro foi demitido da ancoragem pelo Cerra, porque teve a ousadia de perguntar sobre os pedágios, o ansioso blogueiro preferiu não se submeter a esse sofrimento.

Fez agora para concluir que o Rui Falcão permitiu-se uma proeza.

Tirou de letra.

Não agrediu nenhuma pergunta.

(Porque dá vontade …)

E fez uma revelação que deve ter deixado a ancoragem feliz, com o júbilo acima da linha da água.

O PT considera – segundo Falcão – que o quadro sucessório ainda não está definido, já que o Cerra pode ser o candidato do PSDB.

Como se sabe, para jornalistas paulistas que o tratam de “Cerra”, “Cerra é a elite da elite”.

Falcão, presidente do PT, não tem certeza de que Aécio será o candidato.

O ansioso blogueiro também não.

Clique aqui para ler “Cerra vai Roseanar o Aécio ?”. 

Porque o Cerra tem mais grana e PiG (*) que o Aécio.

E, se deixasse solto, tinha fechado a TV Cultura.

Um desperdício de dinheiro.

Tinha vendido aquele terreno magnífico a uma construtora e, com o dinheiro, reforçava a verba publicitária da Sabesp.

Onde o âncora trabalharia de bom grado …

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