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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 06, 2013

E a Justiça tolera o jornalismo associado a bicheiros e seus capangas …


O Conversa Afiada reproduz artigo na Carta Maior sob a responsabilidade de Joaquim Palhares, um infatigável defensor da liberdade de expressão:

*Paulo Henrique Amorim, um dos principais nomes do jornalismo brasileiro, defensor infatigável do sistema de cotas para negros na universidade, está sendo condenado por preconceito racial.Acusa-o um repórter da rede Globo, a quem PH destinou uma metáfora, cujo uso CM não abona, mas que sabidamente se referia ao caráter do jornalismo praticado. Nunca à pigmentação da pele. A condenação, descabida, guarda coerência inquietante com o momento político. Nos dias que correm,  o jornalismo associado a bicheiros e a seus capangas não apenas é tolerado pela justiça, como respaldado por autoridades federais, que sancionam seus métodos, metas e ‘maycons’, abraçando-se em uma esférica aliança contrária à regulação democrática dos meios de comunicação –outra bandeira incansável do diretor de Conversa Afiada. Não apenas isso. A emissora por trás do processo contra Paulo Henrique, comprovadamente sonegou  R$ 615 milhões ao fisco, conforme mostrou outro blogueiro ‘inconveniente’, Miguel do Rosário. Continua, todavia, a se esponjar em verbas copiosas da publicidade federal. Em Brasília, dá-se a isso o nome de ‘mídia técnica’, mais ou menos o seguinte: aos que detém a corda, entrega-se o pescoço. E outras partes mais. O argumento ‘técnico’  é  evocado por aqueles, para os quais, o papel de um governo democrático é  reiterar o status quo em busca de indulgência, não modifica-lo em benefício da pluralidade e do discernimento crítico.. Talvez esteja aí o erro de fundo de Paulo Henrique: a incompatibilidade do seu jornalismo com um status quo ainda iníquo, racista e cínico.
*PHA

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