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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 06, 2013

Morales oferece asilo a Snowden

Carolina Gonçalves*
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente da Bolívia, Evo Morales, ofereceu hoje (6) "asilo humanitário" ao ex-funcionário da CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos, Edward Snowden. Morales explicou que a decisão é um protesto contra os países europeus que, esta semana, impediram o presidente boliviano de atravessar o espaço aéreo.
O anúncio foi feito durante discurso na região andina de Oruro (Sudoeste do país), onde Morales estava acompanhado pelo presidente do Banco Mundial, o sul-coreano Jim Yong Kim, que faz sua primeira visita oficial à Bolívia.
Snowden, ex-técnico em segurança digital da CIA, revelou que autoridades norte-americanas de segurança monitoravam e-mails e ligações telefônicas de cidadãos dentro e fora do país. Há, ainda, informações de que comunicações da União Europeia também foram monitoradas.
O americano fugiu para Hong Kong, no início de maio, para evitar um processo. Quando uma investigação criminal foi aberta contra ele na Justiça americana, os Estados Unidos pediram sua extradição, mas Snowden conseguiu viajar para Moscou.
Autoridades russas informam que Snowden está em uma área de trânsito do aeroporto de Moscou, considerada como "território neutro", desde 23 de junho. Segundo o Wikileaks, Snowden, 30 anos, pediu asilo político a um total de 27 países, entre eles o Brasil.
Além da Bolívia, os governos da Venezuela e da Nicarágua também anunciaram estar dispostos a receber o norte-americano, que espera por uma solução diplomática para evitar sua extradição para os Estados Unidos.
Esta semana, Evo Morales foi impedido de atravessar o espaço aéreo de vários países europeus. Autoridades da França, da Itália, da Espanha e de Portugal não autorizaram que a aeronave, que vinha de Moscou, cruzasse o espaço aéreo alegando suspeitas de que o ex-agente estaria à bordo. O avião foi obrigado a pousar em Viena, onde, segundo denúncias de La Paz, teria sido revistado.

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